sábado, 13 de novembro de 2010

SEMINÁRIO ALUSIVO AO DIA DO CONSELHEIRO TUTELAR

A Secretaria Estadual de Justiça e do Desenvolvimento Social, através do Departamento de Cidadania e Direitos Humanos está promovendo:

SEMINÁRIO ALUSIVO AO DIA DO CONSELHEIRO TUTELAR

Data: 26/11/2010
Local: Auditório do Ministério Público - Porto Alegre

PROGRAMAÇÃO
8h30 - 9h - Credenciamento
9h - Abertura - Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social
9h30 - 11h - Palestra Magna
11h - 11h30 - Debate
11h30 - 12h - Apresentação SIPIA CT
12h - 13h30 - Almoço
13h30 - 14h15 - Painel: Atribuições do Conselheiro Tutelar
14h15 - 15h30 - Mesa Redonda: Aspectos Legais do Conselho Tutelar e sua Estrutura Administrativa
15h30 - 15h45 - Debate
15h45 - 17h - Mesa Redonda: Discussão do Projeto de Lei Nº 278 de 2009
17h - 17h30 - Debate
17h30 - 18 - Encerramento e entrega dos certificados.
Seminário terá entrada franca com inscrições no local, limitado a capacitadade do auditório.

21h - Jantar Baile em Comemoração ao Dia do Conselheiro Tutelar.

Local: Ginástica São João Navegantes.
Av. Presidente Franklin Roosevelt, 148 - Bairro Navegantes - POA
Música ao vivo: Conjunto Conquista
Valor R$ 25,00 (por pessoa)
Compra de ingressos com a Coordenação dos CT de POA - Fone: 3343.0676 e 9646.7183

Rosane Uszacki
RS Tutelar
Departamento de Cidadania e Direitos Humanos - SJDS
Fone: (51) 3288.6634 Fax: (51) 3288.6643
www.sjds.rs.gov.br



Informamos que este evento é de responsabilidade de seus idealizadores.

O caráter aqui é apenas de divulgação dos mesmos.

domingo, 18 de julho de 2010

Artigo

Associação de Educadores/as Populares de Porto Alegre -
AEPPA: TRAJETÓRIA PELA BUSCA POR FORMAÇÃO
DOCENTE DAS/OS EDUCADORAS/ES POPULARES


Fernanda dos Santos Paulo
Fernandaeja@yahoo.com.br




RESUMO

O trabalho aqui apresentado resulta de um capítulo da monografia apresentada em abril de 2010 para obtenção de grau de especialista em Educação Popular: Gestão de Movimentos Sociais do Instituto Superior de Educação Ivoti e o Instituto de Desenvolvimento Social Brava Gente.
Nesse sentido, será pautado neste artigo parte do estudo realizado sobre a trajetória, desafios e historicidade das/os educadoras/es populares formadas/os nos cursos de Pedagogia das instituições: UERGS, PUC e IPA com parceria com a Associação de Educadores Populares de Porto Alegre – AEPPA, objetivando traçar a identidade profissional do/a educador/a Popular após a graduação, buscando assim identificar quais mudanças ocorreram na vida profissional dessas/es educadoras/es. Apresenta também um diálogo com as referências no campo da Educação Popular, pontuando a trajetória da formação das/os educadoras/es populares em Porto Alegre/RS, referendada pela Educação Popular, assim como aponta, brevemente o viés das políticas educacionais para a formação docente deste grupo específico. Traz a historicidade da associação, os elementos e categorias que viabilizaram o acesso e permanência dessas/es educadoras/es no Ensino Superior. Analisa documentos da AEPPA (atas, relatórios, acordos, etc.) em relação à construção de parcerias e caminhos percorridos para contemplar o contexto da Educação Popular nos currículos dos diferentes cursos de Pedagogia.


Palavras chaves: Formação de Educadores/as Populares - Política Educacional – Movimento Social - Educação Popular – Identidade - Trabalho









Artigo: educação Popular

Educadores/as Populares formados/as em Pedagogia através de um Movimento social Chamado AEPPA

Fernanda dos Santos Paulo
Fernandaeja@yahoo.com.br



RESUMO:

Neste artigo será abordado o estudo realizado sobre a trajetória, desafios e historicidade das/os educadoras/es populares formadas/os nos cursos de Pedagogia das instituições: UERGS, PUC e IPA com parceria com a Associação de Educadores Populares de Porto Alegre – AEPPA- Assim, a educação popular em diálogo com o Ensino Superior será sendo este um processo que define uma opção político-pedagógica que dialoga com as dimensões ética, estética e filosófica da educação. Será discutido o acesso das educadoras no nível superior, uma vez que este concretizou-se a partir de um movimento social. Tendo como práxis a leitura de mundo à base da construção deste projeto permeia-se por ações que desvelam a o caminho percorrido na conquista de currículos com viés epistemológico popular. Assim, um curso com foco na Educação Popular que parte do conhecimento que vem da vida prática dos/as trabalhadores/as demonstrou ser o elo de construção de novas relações frente ao processo ensino e aprendizagem. A partir das possibilidades de inovações curriculares e permitindo que a educação cumpra o seu papel libertador será discutido o quanto é possível reinventar novas pedagogias, ou seja, a educação popular sendo metodologicamente viável, necessário e urgente nas propostas de ensino superior, incluindo temas de estudo que tenham como foco a formação de Educadores/as Populares.

Palavras chaves: Formação de Educadores/as Populares - Política Educacional – Movimento Social - Educação Popular – Identidade - Trabalho

EDUCAÇÃO INFANTIL NA LOMBA DO PINHEIRO

EDUCAÇÃO INFANTIL NA LOMBA DO PINHEIRO

Fernanda dos Santos Paulo

Educação infantil: sua importância no contexto social e educacional
Educação Infantil no nosso país vem a mais de uma década em função das novas configurações familiares e legislações vigentes expandindo-se e ganhando expressão.
A expansão ou busca pela educação infantil é oriunda de muitas discussões, integrações e interpretações das definições legais sobre esta etapa da educação básica. Esses marcos têm se dado através de legislações que marcam a história da educação infantil no país, a saber:
• Constituição Federal de 1988
• Estatuto da Criança e Adolescente de 1990;
• Lei Orgânica da Assistência Social de 1993.
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96,
Estas leis estabelecem o direito às crianças Educação Infantil em creches e pré-escolas.
O Estatuto da Criança e do Adolescente(lei federal n° 8.069/1990), por exemplo, explicita cada um dos direitos da criança e do adolescente bem como os princípios norteadores às políticas de atendimento. É partir disto que trazemos um olhar da educação infantil para o contexto do nosso bairro. Embora compreendamos que legalmente todas as famílias, independente da classe social que ocupe, tenham o direito de demandarem por instituições de educação infantil, queremos aqui trazer a nossa realidade: as famílias mais pobres, que necessitam da oferta pública para o cuidado e a educação de seus filhos/as. O direito da família e da criança onde estão garantidos na vida concreta?
É exatamente dessas famílias que estamos falando, sem excluir as demais classes, mas queremos aqui demandar pelas crianças que estão em situação de vulnerabilidade social, das mães e pais que saem cedo de casa para uma longa jornada de trabalho com baixa remuneração. É para elas que a Educação Infantil se torna mais indispensável se queremos falar de inclusão social e de garantia de direitos.
Como técnicos da educação sabemos que a desnutrição, acidentes domésticos, mortalidade infantil estão associados a fatores como falta de atenção e cuidado na primeira infância e por estas razões apostamos na implementação e qualificação de política públicas de educação, bem como de apoio às famílias, já que a educação infantil desempenha um papel complementar e de extrema importância ao lado da família.
Na Lei Orgânica da Assistência Social, a mesma tem por objetivos “a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice”, logo, se faz urgente discutir e viabilizar políticas de enfrentamento da pobreza, a iniciar-se com o direito a uma educação de qualidade.

A Região conta com três (3) escolas de Educação infantil e quatorze (14) instituições comunitárias em funcionamento , as mesmas têm em sua estrutura diferenças no atendimento e oferta desta etapa e estás serão relatada no decorrer deste documento. O histórico temporal e pequeno histórico das instituições Comunitárias e Municipais que oferecem esta etapa estão em TEXTO anexo. As últimas mudanças na estrutura seguem abaixo:

No último ano foram inauguradas três instituições de Educação Infantil e uma creche já existente que foi conveniada (São Marcos). Das instituições inauguradas em 2009 e que já em atendimento estão:
1. Escola da Educação Infantil Portal Encantado – Lomba do Pinheiro- Quinta do Portal ;
2. Escola de Educação Infantil Planeta Mágico – Vila dos Herdeiros, Lomba do Pinheiro

Com inauguração e funcionamento destas duas instituições contamos, atualmente com 14 instituições.A Creche Comunitária Chácara das Pêras- , a única que não está em atendimento essa seria a 15ª instituição.


O contexto histórico da realidade da Educação Infantil encontra-se no anexo deste documento, onde reafirma e fundamenta a necessidade de:
1. Aumento de repasse para todas as instituições Comunitárias equiparando com o das municipais;
2. Necessidade de ampliar os recursos orçamentários para Alimentação Escolar e materiais pedagógicos, bem como para outros fins que forem necessários para a qualificação das instituições de Educação Infantis, ou seja, AUMENTO de REPASSE;
3. Garantir espaços físicos, equipamentos, brinquedos e materiais adequados nas instituições de Educação Infantil, especialmente as de cunho comunitário;
4. Assegurar a valorização das professoras /es e educadoras/es que trabalham na Educação Infantil, promovendo sua participação em Programas de Formação Inicial e continuada para professores/educadores em exercício;
5. Oferecer padrões mínimos de infra-estrutura para o funcionamento adequado das instituições de Educação Infantil;
6. Adaptar os prédios de Educação Infantil que assim necessitarem conforme os padrões de infra-estrutura estabelecidos pela SMED e leis vigentes, principalmente na questão de INCLUSÃO;
7. Expandir a oferta de vagas para garantir maior e melhor oferta para a Educação Infantil;
8. Assegurar a qualidade do atendimento em instituições de Educação Infantil (creches comunitárias).
9. Proporcionar formação adequada para educadores/as assistentes conforme a LDBEN
10. Atender a padrões mínimos de qualidade conforme prevê na legislação, mas com recurso do Município.
11. Qualificar os espaços físicos, incluindo parâmetros para assegurar higiene, segurança e conforto;
12. Garantir turmas de 1º ano em Escola Pública de Ensino Fundamental para alunos egressos da Educação Infantil;
13. Valorização e reconhecimento do/a educador/a que busca ou buscou formação conforme prevê a legislação nacional ;
14. Não terceirizar os serviços públicos de educação infantil, pois fazer o mesmo é responsabilizar a sociedade civil por aquilo que não lhe atribui.

Assim, damos ênfase a importância do acesso à educação infantil, não só para que os seus responsáveis possam ter tranqüilidade para trabalhar, mas também a favor das dimensões pedagógicas, culturais e sociais como direito da criança e da família. Assim, uma política de educação infantil pública e de qualidade também contribui para redução do desemprego na região e, conseqüentemente, condições dignas para estas.

Formatura da Pós- Graduação

Indicações de leituras

Indicações de leituras


MÉSZÁROS, István. Para Além do Capital. São Paulo. Boitempo, 2002.
PALUDO, Conceição. Educação Popular em Busca de Alternativas. Uma leitura desde o campo democrático popular. Porto Alegre.Tomo Editorial, 2001.

PAÑUELOS EN REBELDÌA. Hacia una Pedagogía Feminista. Generos y educación popular. Buenos Aires. América Libre, 2007.
TRIVIÑOS, Nibaldo Silva. A Formação do Educador como Pesquisador. Porto Alegre. Editora da UFRGS, 2003.
ARROYO, Miguel G. Qualidade na Educação. POA, Paixão de Aprender, SME, nº 9, 1995.
DELORS, Jaques. Educação: um tesouro a descobrir. Ed., 3º, SP, Cortez; DF, MEC; UNESCO, 1999.

FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e Crise do Capitalismo Real. SP, Cortez, 1995.
GONH, Maria da Glória. Teorias dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. SP, Loyola, 1997.
Betto, Frei (2000). Desafios da Educação Popular. São Paulo : CEPIS.
FREI BETTO - Diálogos criativos Domenico De Masi e Frei Betto (Sextante)
Sinopse – Os autores debatem sobre alguns dos temas da pós-modernidade do avanço tecnológico à sociedade de consumo, da educação à filosofia, da teologia à política. Com pontos de vista ora coincidentes, ora conflitantes, mas muitas vezes complementares, ambos oferecem uma explanação sobre os rumos da humanidade, questionando de que forma as escolhas do presente estão construindo o amanhã que se anuncia. Mediado pelo psicanalista e educador José Ernesto Bologna.
_________De COTIDIANO & MISTÉRIO (Olho D’Água):
Fala do processo educacional; concepção totalizante, suas dimensões(transmissão do patrimônio cultural, despertar das potencialidades espirituais, reflexão do que se vive e capacidade de modificar a realidade). Fala do papel da escola e como atua ( razão instrumenta). Traz a categoria de domesticação intelectual. Educação cartesiana – fragmentação. Ainda fala sobre educação para competitividade e o sucesso , contrário de uma educação para tecer laços de solidariedade.
Fávero, Osmar (Org.) Cultura popular e educação popular: memória dos anos 60. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
Makarenko, Anton Semionovitc (1986). Problemas da educação escolar. Moscovo : Progresso.
Silva, Antonio Fernando Gouvêa da (2005). A busca do tema gerador na práxis da educação popular. Curitiba : Gráfica Popular/CEFURIA.

PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO


Indicação nosso Paulo Freire.
Pedagogia da Libertação relacionada com a visão de mundo e de sujeito.
Categorias: conscientização política.
Contribuições:
1. educação popular como teoria da educação- concepção de educação
2. um modo de fazer foi com alfabetização de adultos; conscientização política de jovens e adultos operários.
3. Influenciou com sua prática movimentos populares como os das CEBs - Comunidades Eclesiais de Base.
Não existe uma educação neutra: toda a educação é, em si, política.

FREIRE –
1. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
2. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.
3. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971.
4. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
5. Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
6. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
7. Conscientização: teoria e prática da libertação, uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo : Moraes, 1980.

8. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1982.

9. A Educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991.

10. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1992.

11. Política e educação. São Paulo: Cortez, 1993.

12. Professora sim, Tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho D’Água, 1993.

13. Cartas a Cristina. São Paulo: Paz e Terra, 1994.

14. À sombra desta Mangueira. São Paulo: Olho D’Água, 1995.

15. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

16. Pedagogia da Indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP,2000.

17. Educação e atualidade brasileira. São Paulo : Cortez/IPF, 2001.
Leituras: todas são ótimas.
Esse é excelente!
FREIRE, P. (2000). Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. Ed. UNESP.
PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO EM PAULO FREIRE

AUTOR(ES):

FREIRE, ANA MARIA ARAUJO - OLIVEIRA, IVANILDE APOLUCENO DE - MACHADO, ROBERTO LUIZ (Orgs.)

TRADUTOR(ES):
KLAUSS B. GERHARDT - DIANA DE S. PEREIRA - MIRIAM X. DE OLIVEIRA
SUMÁRIO:
Apresentação
Ana Maria Araújo Freire

Parte 1
Olhares sobre a pedagogia da libertação
1 A Pedagogia do oprimido: clandestina e universal
Alípio Márcio Dias Casali ( esse autor é ótimo)

2 Sobre a Pedagogia do oprimido
Ana Mae Barbosa

3 A Pedagogia do oprimido de Paulo Freire
Ana Maria Araújo Freire ( esposa)

4 Pedagogia como currículo da práxis
Antonio Fernando Gouvêa da Silva ( deve ser ótimo)

5 Aproximando-me
Arantxa Ugartetxea

6 Pedagogia do oprimido: um projeto coletivo
Balduíno antonio Andreola ( olha quem???)

7 Paulo Freire: memórias como narrações compartilhadas
Célia Linhares

8 Uma pedagogia do (outro) descobrimento
Danilo R. Streck (ótimo)

9 A pedagogia antimétodo: uma perspectiva freireana
Donaldo Macedo

10 A atualidade de Freire nos cursos de Pedagogia
Fábio Manzani Camargo(ótimo)

11 Paulo Freire, ética e teologia da libertação
Frei Carlos Josaphat, OP(ótimo)

12 Paulo Freire: algumas idéias sobre a razão na solidariedade
Gottfried Mergner(ótimo)

13 Por uma pedagogia do excluído: reflexões de um velho professor
Gustavo F. J. Cirigliano(ótimo)

14 Os postulados de Freire e os direitos da criança
Hans-Martin Große-Oetringhaus

15 Educação libertadora e globalização
Heinz-Peter Gerhardt (ótimo)

16 Recordando o legado da Pedagogia do oprimido
Henry A. Giroux (ótimo)

17 A experiência educativa popular freireana do Proalto
Ivanilde Apoluceno de Oliveira

18 Uma pedagogia da esperança ou trinta anos depois da Pedagogia do oprimido de Paulo
Freire
Joachim Dabisch

19 A Pedagogia do oprimido na Alemanha
Joachim Schroeder

20 A Pedagogia do oprimido e o papel central desempenhado por Paulo Freire em minha vida
Joe L. Kincheloe

21 Paulo Freire, um clássico
Mário Sérgio Cortella

22 Reflexões sobre a Pedagogia do oprimido de Paulo Freire
Maxine Greene

23 Aspectos semânticos e pragmáticos da pedagogia de Paulo Freire
Manfred Peters (ótimo)

24 Paulo Freire em tempos de exclusão
Miguel G. Arroyo (ótimo)

25 Paulo Freire: aspectos de seu humanismo radical
Paulo de Tarso Santos

26 Reflexões sobre a construção da Pedagogia do oprimido
Paulo Rosas

27 Uma pedagogia da possibilidade: reflexões sobre a política educacional de Paulo Freire. In memoriam Paulo Freire
Peter McLaren (ótimo)

28 O amor na pedagogia de Paulo Freire
Peter Park (ótimo)

29 Por que Paulo é o principal pedagogo na atual sociedade da informação?
Ramón Flecha

30 Considerações sobre a Pedagogia do oprimido
Renate Nestvogel

31 Trinta anos de Pedagogia do oprimido
Renate Zwicker-Pelzer

32 Um olhar freireano sobre a universidade, a licenciatura e o currículo
Roberto Luiz Machado (ótimo)

33 Os múltiplos Paulo Freire
Rosa María Torres (ótimo) Ela é ótima

34 O diálogo como prática pedagógica contribuindo para a superação da indisciplina escolar
Rosana Aparecida Argento Rebelo

35 Perspectivas de libertação? Da possibilidade de conexão da educação para a libertação nos dias de hoje (ótimo)
Simone Fuoss

36 Uma análise da Pedagogia do oprimido
Shirley R. Steinberg

37 Parceria: os perigos da educação (com)partilhada (ótimo)
Solange Salussolia Vaini

38 Comunicação e cultura no fim do século XX: a atualidade de Paulo Freire
Venício A. de Lima





OUTROS...

GUARESCHI, P. (2009). Representações em Movimento: Psicologia do Ativismo Político. Porto Alegre: EDIPUCRS (no prelo) ESSE autor é ótimo, tem no dicionário Paulo freire um artigo publicado.

Arruda, Marcos (1988). Sugestões para um movimento de educação popular nos municípios na perspectiva da práxis. Rio de Janeiro : PACS.

Dussel, Enrique D. Filosofía ética Latinoamericana: De la erótica a la pedagógica de la liberación. México, D.F.: Editorial Edicol; 1977.

Brandão, Carlos Rodrigues (ed.) Pesquisa participante. São Paulo, Brasiliense, 1981.
________. A questão política da educação popular. São Paulo, 1980.
________. Lutar com a palavra. Rio de Janeiro, Graal, 1982.
________. Pensar a prática. São Paulo, Edições Loyola, 1984.
________.. Saber e Ensinar. Campinas, Papirus, 1986.
Souza, Ana Inês (2000). A dimensão pedagógica da consulta popular. Monografia de especialização. Curitiba : UFPR.

Souza, Ana Inês/Grupo de Estudos em Paulo Freire da UFPR (Org.). Paulo Freire: vida e obra. São Paulo : Expressão Popular, 2001.

Souza, Ana Inês. Relação entre educação popular e movimentos sociais na perspectiva de militantes-educadores de Curitiba. Um balanço das décadas de 1980 e 1990 e os desafios da realidade atual. Dissertação de Mestrado em Educação e Trabalho. Curitiba : UFPR, 2003.


Esse autor é bom: Carlos Alberto Torres. GRAMSCI E A EDUCAÇÃO POPULAR NA AMÉRICA LATINA.

José Francisco de Melo Neto – Direitos Humanos.
MELO NETO, José Francisco de. Educação popular - uma ontologia. In: MELO
NETO, José Francisco de; SCOCUGLIA, Afonso Celso Caldeira (Orgs.) Educação Popular – outros caminhos. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2001. p. 31-74.

Barreiro, Júlio. Educação Popular e conscientização. Petrópolis, RJ : Vozes, 1982.

Gadotti, Moacir. Educação e compromisso. Campinas, Papirus, 1986.
________. Concepção dialética da educação. São Paulo, Cortez-Editoria Autores Associados, 1986.
________. Educação e poder. Introdução à pedagogia do conflito. São Paulo, Cortez-Editoria Autores Associados, 1983.
________. Escola cidadã. São Paulo, Cortez-Editoria Autores Associados, 1992.
________. Uma só escola para todos. Petrópolis. Vozes, 1990.
BEISIEGEL, Celso de Rui. Política e educação popular (A teoria e a prática de Paulo Freire no Brasil). Ensaios – 85. São Paulo: Editora Ática, 1992.

sábado, 15 de agosto de 2009

Curriculum

INFORMAÇÃO PESSOAL

Nome: Fernanda dos Santos Paulo
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3839347399904355

e-mail: fernandaeja@yahoo.com.br

Trabalho


Instituto BRAVAGENTE e Instituto Superior de Educação Ivoti
Curso de Pós Graduação em educação popular e gestão de movimentos sociais
História do Movimento Social na AL e Brasil
Professor Dr. Celso Rogrigues


Fernanda dos Santos Paulo


A Gestão na AEPPA - Associação de Educadores Populares
de Porto Alegre



Porto Alegre, 2009.



Palavras-Chaves: Gestão- Desigualdade- Movimento Social



LISTA DE ABREVIATURAS:


AEPPA – Associação de Educadores Populares de Porto Alegre.
Art. - Artigo
CMDCA - Conselho Municipal dos direitos da Criança e do adolescente
CF – Constituição Federal
UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande o Sul
IPA - Instituto Porto Alegre.
ISES - Instituto Superior de Educação Sévigne
LDBN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MOVA – Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos
OP - Orçamento Participativo
PUC - Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul
SASE - Serviço de Atendimento Sócio-Educativo
SENALBA/RS - Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Estado do Rio Grande do Sul.




Sumário



INTRODUÇÃO 5
2. MISSÃO/VISÃO DA ASSOCIAÇÃO 6
3. ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO DA ASSOCIAÇÃO 7
3.1 GESTÃO DEMOCRÁTICA: CAMINHOS PARA REINVENÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E POLÍTICAS POPULARES POR MEIO DA GESTÃO COMPARTILHADA 10
3.2 Um olhar sobre as práticas gestionárias na elaboração de projetos da AEPPA 12
3.3 Pesquisa Participante: Elaboração de Projetos na Educação Popular 12
4. A realidade social da Instituição 14
4.1 Registros da Associação de Educadores Populares de Porto Alegre 15
5. Relação da AEPPA com o Estado 16
6. Novas conquistas e desafios 22
BIBLIOGRAFIA. 23












Introdução

A associação de Educadores Populares de Porto Alegre - AEPPA nasceu no dia vinte e quatro de junho de 2000 , tendo como finalidade a busca por formação dos educadores (as) populares de Porto Alegre nos diferentes níveis: fundamental, médio, médio técnico e superior, buscando assim uma organização na perspectiva da garantia de qualificação destes (as) profissionais, que atuam na educação infantil e em programas de apoio sócio-educativo (trabalho educativo, oficinas, educação de jovens e adultos, abrigos, educação de rua, e outros espaços não escolares). Essas Instituições que exercem trabalho direto com crianças e adolescentes são classificadas como: “Programas de Atendimento Direto” . Já a AEPPA é classificada como Entidade de Programa de Atendimento Indireto por desenvolver suas atividades com as educadoras/es, mas, entretanto, ambas são vinculadas ao Conselho Municipal dos direitos da Criança e do adolescente (CMDCA).
Em Porto Alegre, estas instituições não governamentais cadastradas no CMDCA, atendem por meio de convênios com o poder público a aproximadamente 30.000 crianças, jovens e suas famílias nas Creches Comunitárias e em programas sócio educativos. Estes serviços compõem a Rede Municipal de atenção à infância e juventude que, distribuída por todas as regiões da cidade, concentra-se nos espaços urbanos mais empobrecidos, oferecendo seus serviços às famílias em situação de maior vulnerabilidade no processo de exclusão social.
O principal foco da atuação da AEPPA é a busca por formação de seus/suas educadores/as no sistema regular de ensino, partindo da compreensão do direito que as crianças e adolescentes tem de ser atendidos por profissionais qualificados à luz da educação popular.
A AEPPA organiza-se a partir da diretoria e por núcleos temáticos, nos quais os/as associados/as traçam caminhos para novas conquistas, bem como compartilham suas experiências profissionais através de organizações de reuniões temáticas. Assim, objetiva-se a constituição de uma melhor configuração em termos administrativo participativo, cujo objetivo, segundo o Regimento Interno da Instituição, é atender seus associados/as, tanto na busca por alternativas de formação inicial e continuada.
Nesse sentido, a AEPPA vem trabalhando, nos últimos anos, com os/as educadores/as a importância da formação continuada, sendo está uma ferramenta de garantia à qualidade no atendimento das crianças e adolescentes atendidas nas instituições comunitárias e filantrópicas de Porto Alegre.
Hoje a associação conta com um número significativo de educadores/as que retomaram seus estudos nos níveis: fundamental, médio técnico e superior, através da organização coletiva das associadas, em que a proposta destas diferentes formações para os/as trabalhadores/as em educação popular foi construída pelas mesmas/os. Portanto, essa organização, com pressupostos na Educação Popular, busca o reconhecimento e valorização destes/as profissionais por meio da qualificação docente.

2. Missão/Visão da Associação

Buscar a qualificação profissional por meio de formação permanente em educação popular, bem como a valorização e reconhecimento dos profissionais que atuam na educação social e comunitária de Porto Alegre.






3. Organização do processo de gestão da Associação

A Associação dos Educadores Populares de Porto Alegre – AEPPA que surgiu em 1996 e foi oficializada em 2000, é a primeira entidade representativa das/os educadoras/es Populares de Porto Alegre.
A caminhada das educadoras (mulheres ) iniciou-se desde 1993, quando já se pensava em formação para as educadoras/es populares, mas a busca pela realização do sonho da formação qualificada ficou mais intensa quando saiu uma nota em um Jornal sobre a LBDEN atual, onde constava que todas/os as trabalhadoras/es em educação infantil teriam que possuir no mínimo, formação de Curso Normal. É fato que está trajetória se iniciou com um grupo de mulheres que foram à luta pelos seus ideais. Sorj (2004) relata que “somente por um longo processo de lutas sociais as mulheres conseguirão se constituir em indivíduos e se dissociar do papel de reprodutoras a serviços da nação”.
Desta forma, as/os educadoras/es se mobilizaram iniciando por uma paralisação, onde muitas entidades do bairro Glória participaram, tendo por objetivo a busca pela formação, se constituindo a partir deste desejo, um movimento de luta de garantia de direitos das/os profissionais da educação Infantil, assim como de outras tantas educadoras/es populares que desenvolvem atividades em programas de apoio sócio-educativo e educação de jovens e adultos na cidade de Porto Alegre.
A luta por uma formação continuada é realidade na vida das pessoas que vivem de baixa renda, pois é uma forma de ter a oportunidade de competir no mercado de trabalho, entretanto, para muitas pessoas este ideal está distante, Sorj (2006) destaca que:

[...] é infinita a distância no meio urbano moderno entre uma pessoa alfabetizada e uma não alfabetizada, no sentido de que a instrução afeta todas as possibilidades de orientação e a qualidade de vida e não é economicamente quantificável. E o Brasil ainda tem quase um terço da sua população com primário incompleto ( boa parte analfabeta ou quase) (SOJ, 2006, p.21).


A AEPPA que se se organiza a partir da diretoria e por núcleos temáticos, nos quais os/as associados/as constroem projetos para novas conquistas tem sido, talvez, o único espaço de se pensar, buscar e planejar formas de se garantir a formação profissional em educação popular na capital gaúcha. A constituição de uma melhor configuração em termos administrativos é um dos objetivos da AEPPA, pois visa uma gestão participativa para melhor atender seus associados/as. Outra busca constante da entidade é encontrar alternativas de formação em educação popular para o perfil de educadoras/es populares e a manutenção da sua estrutura física e econômica.
Atualmente, a capital gaúcha conta com o trabalho de mais de duas mil educadoras e educadores populares em atividade nas instituições Comunitárias que atendem crianças de zero a cinco anos e nas entidades que oferecem turmas de Alfabetização de Jovens e Adultos - MOVA e convênio com o SASE - Serviço de Atendimento Sócio-Educativo.
A constituição deste movimento organizado iniciou - se em forma de comissão, começando na participação das reuniões como a do Orçamento Participativo – OP com a finalidade de discutir e instrumentalizar a busca da realização do sonho de formação docente. Contudo, faz-se lembrar que este objetivo já estava preconizado na Lei de Diretrizes e Bases 9394/1996 tornando não mais só um sonho, mas sim uma exigência legal.
Desta forma, desde lá, como foi escrito anteriormente, as/os educadoras/es, através de seminários, reuniões e estudos, apontavam como desejavam e planejavam seus cursos de formação. Essas construções resultaram em conquistas, sendo a primeira o curso normal referenciado na Educação popular nos princípios freireano, na Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer. Posteriormente, na UERGS, no curso de Pedagogia com ênfase em Educação Popular na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS e a Pós Graduação em Educação Popular: Gestão em Movimentos Sociais, promovido pelo Instituto de desenvolvimento Social Brava gente em parceria com o Instituto Superior de Educação Ivoti.
Assim, o principal objetivo da Associação é que se tenha uma formação que ofereça espaço de trocas entre os pares, ou seja, de ensino-aprendizagem com proposta metodológica na educação popular. Busca-se alcançar esses objetivos através de encontros de estudos, reuniões e seminários.
A organização desses encontros é realizada pelos/as próprios educadores/as nos princípios de uma gestão compartilhada, a fim de:
1. Fortalecer os grupos enquanto fóruns de decisão;
2. Democratizar do Acesso, ampliando o atendimento à demanda de Porto Alegre;
3. Buscar uma nova qualidade da Educação Popular garantido o protagonismo das educadoras/es;
4. Garantir a Permanência das educadoras e educadores na AEPPA;

Faz-se necessário destacar algumas das conquistas da AEPPA :
• Curso Normal nas escolas: Emilio Meyer e Liberto Salsano;
• Graduação em Pedagogia na UERGS;
• Diferentes cursos de graduações no IPA/RS;
• Curso de Pedagogia com ênfase em Educação Popular na PUC/RS;
• Curso de Pedagogia e Cursos de Extensão no ISES ;
• Curso de Pós Graduação em Educação Popular e Gestão em Movimentos Sociais no Brasil pelo Instituto Brava Gente;

Nesta perspectiva, a AEPPA justifica a importância de oferecer cursos de formação continuada aos seus associadas/os, tanto para aqueles/as que estão em processo de formação, quanto aqueles/as que ainda estão à espera, e é na construção de projetos juntamente com suas educadoras e educadores, que a AEPPA tem conquistado direitos negados pelo estado. Além disto, Sorj (2004) descreve “cada indivíduo é portador de direitos, num mundo em que a ordem jurídica está totalmente separada das instituições religiosas e fundamentada num acordo racional entre membros de uma comunidade”, ainda ele destaca que:

A diferença dos direitos individuais, a revindicação de “direitos sociais” está profundamente ancorada na história humana [...]. A constituição de mecanismos de justiça social num mundo de indivíduos, isto é, num mundo em que o indivíduo é o único sujeito legítimo de direitos [..]( SORJ, 2004, p35).


Ao longo da gestão desta instituição busca-se caracterizá-la pelos princípios freireano, norteando a caminhada de luta com discussão, reflexão, pesquisa e construção participativa do conhecimento.
Assim, os temas abordados nos cursos de formação devem e busca-se que sejam orientados pela prática de trabalho das educadoras e educadores e que desta forma se contemple a realidade das diferentes instituições Comunitárias e beneficentes dos bairros populares de porto Alegre.
Vale lembrar que associação é composta por “presidente, vice-presidente, tesoureiro, vice-tesoureiro, secretário e vice-secretário”, ( Estatuto da AEPPA) mais Conselho Fiscal e coordenadores/as de núcleos. Atualmente a instituição conta com vários núcleos, a saber: núcleo de educadoras/es da EJA, da PUC, da Educação Infantil, dos Anos Iniciais, da Música, do IPA, da Pós, dos Sem Faculdade, etc. Esses núcleos fazem parte da gestão compartilhada.

3.1 Gestão democrática: caminhos para reinvenção de práticas pedagógicas e políticas populares por meio da Gestão Compartilhada

A gestão democrática concebida Por Paulo Freire é a alternativa possível de reinvenção da escola, que para a AEPPA é o caminho necessário para a construção da qualidade democrática das instituições comunitárias de Porto Alegre.
A construção da gestão democrática na instituição AEPPA tem por finalidade construir uma gestão compartilhada com seus pares, mas está finalidade tem ocasionado algumas dificuldades por alguns motivos tais como:

• Falta de recursos financeiros para custear gastos com passagens e lanches para educadores/as que exercem funções dentro e ou para associação;
• Falta de Sede Central para Educadores/as, bem como falta de espaço para organização mínima de infra-estrutura da entidade;

Para Freire (20001) “mudar a cara da escola”, no intuito de “torná-la popular, alegre e séria” exige participação, e na AEPPA, embora haja essas dificuldades descritas, existe todo um trabalho para uma prática pedagógica e política de gestão democrática e compartilhada, pois se sabe que:

Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência feito, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar-se em sujeito de sua própria história. (FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 5. Ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 16.)


É partindo desse entendimento que a postura da associação é a de organização em núcleos temáticos, seja de interesse e ou de exercício profissional, como por exemplo, há um núcleo dos “sem bolsa”, e nesta organização os/as educadores/as reúnem-se nas assembléias e bimestralmente com seus pares para estudarem, debaterem e delinearem o que pretendem estudar, que dificuldades encontram no exercício de suas profissões e como encontrar alternativas para qualificar seus trabalhos.
O entendimento da participação na associação nos princípios da gestão compartilhada é desenvolvido com o envolvimento de todos/as sócios/as, onde o fazer “ exige a convicção de que a mudança é possível” ( Paulo Freire, 1996, pág. 30) Este fazer na AEPPA tem relações estritamente com a realidade em que as/os educadores/as desenvolvem seus trabalhos de educação popular, sendo por isso tão importante trabalhar a gestão compartilhada na construção dos projetos coletivos.
As palavras "compartilhar” e "participar" fazem parte do movimento aeppano (vem de AEPPA) no sentido de alcançar um objetivo comum: Formação Permanente na gênese da Educação Popular. O "Compartilhar" envolve a idéia de promover ou possibilitar essa adesão, que é /tem sido coletiva.
Assim, Gestão Compartilhada e Gestão Participativa contêm idéias indicotomizáveis, pois a participação e o ato de compartilhar são na AEPPA os caminhos da gestão democrática compartilhada.


3.2 Um olhar sobre as práticas gestionárias na elaboração de projetos da AEPPA

O processo de democratização na construção de projetos dentro da associação ocorre por meio de adesão voluntária dos/as sócios/as, tendo em vista que esta organização é direito e dever dos/as sócios/as, segundo o Regimento Interno da AEPPA.
A elaboração dos projetos na instituição aqui relatada origina-se de um movimento de educadores/as que lutam por aquilo que acreditam ser o melhor para si e para as instituições as quais trabalham. O processo de democratização pressupõe o acesso dos diferentes grupos de interesse que compõe a associação na construção de projetos que reivindique soluções/alternativas para suas necessidades. Desta forma, o meio mais eficaz e participativo nesse trabalho de elaboração de projetos foi de constituir nas assembléias grupos de educadores/as interessados na construção de projetos.
Em princípio as educadoras/es, na sua maioria, desconheciam as regras gerais para a construção de projetos, e a solução imediata, foi a de se constituir grupos de estudos para aprender como se procede a elaboração dos mesmos. Aí está uma demanda da AEPPA, a de conseguir uma formação de elaboração de Projetos Sociais.


3.3 Pesquisa Participante: Elaboração de Projetos na Educação Popular


A elaboração dos projetos dentro da AEPPA tem como linha norteadora a Pesquisa Participante, onde os/as sócios/as, que já conhecem suas realidades, passam a estudá-las, ou seja, aprendem a “escrever a sua historia de classe” (BRANDÃO, 1999, pág. 11).
A construção de projetos, por parte das educadoras/es, tem possibilitado as/os mesmas/os a tornarem-se pesquisadoras/res de suas histórias, onde todas as etapas básicas da elaboração de projetos são pensadas por um grupo de educadoras/es e esse procedimento é um processo de formação permanente que promove a consciência crítica e autonomia dos seus participantes.
A identificação dos temas é a própria demanda dos/as sócios/as, e a elaboração dos projetos dá-se por grupos, como já dissemos anteriormente, e estes têm o compromisso de dar o “feedback” para os demais sócios/as em assembléias gerais.
Esse “feedback” é uma das etapas da elaboração de projetos, onde existe a possibilidade de discussão e reformulação destes, como diz Pedro Demo(1988:45) “tendo formado consciência crítica e autocrítica, segue a necessidade de formulação de uma estratégia concreta de enfrentamento de problemas”, tais como divergências, complementações, negociações, etc. O chamado “feedback” é conhecido dentro da AEPPA como a práxis: ação- reflexão- ação.
Como exemplos de projetos concretizados dentro da AEPPA citam-se: a construção do projeto de captação de recursos “Adote um Educador”, em que este foi construído por várias mãos, e o da Graduação em Pedagogia com ênfase em Educação Popular na PUC-RS, dentre outros.
Com o espírito de uma gestão democrática e compartilhada, a partir de pesquisa participativa, a AEPPA vem construindo metodologias para a construção de seus projetos, tais como:
• Observações e estudo de documentações/as s da AEPPA e dos sócios/as;
• Relatos escritos e orais das sócias/os;
• Questionários;
• Visitas de acompanhamento dos/as sócios/as;
• Participação de sócios na elaboração de diferentes projetos;
• Reuniões;
• Outros registros;

A mobilização das educadoras/es que efetivamente participam da gestão compartilhada da AEPPA somam singularidades, ao mesmo tempo em que convocam outras educadoras/es a participar do processo de construção da entidade. Esse ato implica no desejo de participação de projetos significativos, tendo para isso, o ato de conhecer presente nesse percurso de gestão. Por sua vez, a comunicação efetiva e transparente se faz necessária para que se possam definir os problemas a serem resolvidos no âmbito de uma mobilização efetiva.
Assim, a descentralização das construções de projetos tem oportunizado aos/às sócios/as a conhecerem melhor sua entidade representativa e se tornarem co-responsáveis e co-participantes da história administrativa da AEPPA.

4. A realidade social da Instituição

A realidade da Associação de Educadores Populares de Porto Alegre é uma característica que se remete ao contexto social da historicidade dessa organização, onde a maioria das educadoras/es sócias/os são oriundas/os da classe C e D, são mulheres, moradoras/es dos bairros populares da capital gaúcha e muitas/os ainda sobrevivem com salários baixíssimos. Assim remetendo a uma série de desigualdades no seu cotidiano, Sorj (2004) relata que:

a região e o lugar onde se vive definem o acesso a água corrente, esgoto, coleta de lixo, eletricidade e a proximidade de um posto de saúde pública ou escola. Também definem o tipo de cobertura policial e de proteção face ação de grupos de marginais. Por outro lado, a relação com o Estado estrutura o tipo de emprego (SORJ, 2006, P.23).


Sobre estas realidades, uma das lutas deste movimento é o enfrentamento das diferentes dificuldades vivenciadas na associação, dentre elas: manutenção e qualificação do atendimento aos/as sócios/as da AEPPA. Sobretudo, prioriza-se assegurar o direito a formação dessas/es educadoras/es em processo de qualificação no sentido de que haja não só o acesso, mas sim também a permanência nas instituições de Educação.
sócias/os, estas/es recebem baixos salários, portanto sendo insuficientes para administrarem sua vida profissional e pessoal, e conseqüentemente tornando desta forma, inviável uma maior contribuição para a manutenção da instituição. Diante destas necessidades apresentamos alguns questionamentos:
 Como buscar mecanismo de sustentabilidade aos projetos da AEPPA?
 Como ter condições de manter uma estrutura funcional de qualidade na AEPPA?
 Como garantir a permanência das educadoras/es nas instituições de formação?
 Como qualificar o processo de comunicação entre educadoras/es, representantes de núcleos e diretoria?

As perguntas acima são resultados de dificuldades percebidas ao longo do percurso da associação, e uma das maiores problemáticas é de ordem financeira, em que a associação não conseguiu ainda organizar-se administrativamente nesse sentido.

4.1 Registros da Associação de Educadores Populares de Porto Alegre

Segundo o Regimento Interno da AEPPA todo/a sócio/a beneficiário com bolsa de estudos deve apresentar semestralmente relatório de atividades desenvolvidas na educação popular e desempenho acadêmico por meio do boletim de notas expedido pelas respectivas instituições de ensino. Para exemplificar trazemos parte de um relatório apresentado à associação em janeiro de 2009.

(...) Iniciei meu relatório de final de semestre com esta poesia, nela está descrito tudo aquilo que ao longo deste, vivenciei em minha formação e só confirmou o que já pratico na busca de formação dos educadores para que nossos educandos tenham uma educação cada vez mais qualificada. Se para nossos governantes o que vale é o lucro de um empreendimento, então que eles venham constatar os lucros que obtivemos com nossas formações.
É preciso que tenhamos garra para que possamos dar continuidade nesta caminhada que enobrece e enriquece nossos conhecimentos na Prática da Educação Popular e Libertadora, a qual praticamos com amor e sabedoria.
Continuo trabalhando voluntariamente na AAGMAES e AEPPA, mas estou me preparando para fazer alguns concursos.
Quero também registrar que participo na Faculdade do Conselho Superior como também do Centro Acadêmico, onde sempre procuro registrar nosso papel na responsabilidade e pratica da educação popular e comunitária, também pautando e trabalhando a autoestima do educador. (Faculdades Integradas Sévigné)


Dentre os documentos, a AEPPA tem outros registros que contam sua história, tais como: fotografias, DVD, relatórios, matérias em jornais, relatos por escrito e áudio.
5. Relação da AEPPA com o Estado


A AEPPA é um movimento com histórico constituído no contexto sócio-político baseado na gênese da educação popular, onde os interesses da coletividade das educadoras/es populares têm relações de poder entre estado e sociedade civil. Uma das relações de poder é que são as entidades de terceiro setor que têm exercido atividades educativas em Porto Alegre no lugar do governo, de quem realmente é o dever, que é garantido na Constituição Federal (1988) que segundo esta:

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº. 14, de 1996)
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; (Art. 208)


Conforme a mesma lei a educação é também dever da sociedade:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. ( CF, Art. 205)


Assim, com o não cumprindo do Estado com suas obrigações para com a educação, as entidades comunitárias da capital gaúcha têm tido o papel de tentar combater à exclusão social de pessoas moradoras nos bairros populares desta cidade, através de diferentes organizações.
Essas organizações dão-se por meio de Entidades Comunitárias , ONGS e Entidades Filantrópicas , todas cadastradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), que atendem por meio de convênios com o poder público ou não.
No caso da AEPPA ela é uma instituição com cadastro no CMDCA classificada como entidade de atendimento indireto e exerce de certa forma o papel do Estado que é o de garantir a formação Continuada aos/as profissionais da Educação, que segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 1996:

A formação de docentes para atuar na educação básica far se á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (Art. 62)



Todo o Título VI da Lei de Diretrizes e Bases de Educação trata dos profissionais da educação, cuja formação deve contemplar:


A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:
I. a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço;
II. Aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. (Art. 61)


Com base nesta Lei é que a AEPPA surge para buscar a garantia da formação inicial e continuada, bem como a qualificação do trabalho educativo nas instituições as quais as/os educadoras/es desenvolvem trabalho remunerado ou não.
Em Porto Alegre essas instituições não governamentais que possuem convênio com o poder público são cadastradas no CMDCA atendem aproximadamente trinta mil crianças, jovens e famílias.
Os/as educadores/as que atendem esse público são estimados em aproximadamente dois mil profissionais da educação popular. Aqui chamamos de Profissionais da Educação popular, porque a formação do educador e da educadora é constituída pela experiência docente.
A preocupação com a formação profissional/técnica a partir da formação de experiência tornou-se um compromisso sócio-político da associação, e está utilizou-se da própria LDBN 9394/1996 para embasar seu projeto de construção de política de formação para educadores/as populares.
O primeiro trabalho da AEPPA foi à organização da instituição mesmo sem estar a princípio legalizada, para posterior iniciar o processo de busca de qualificação profissional. Essa busca deu-se por meio de estudos, diálogos e debates ente educadoras/es, primeiramente do bairro Glória.
Já no (Art. 64 da LDNB), trata dos/as profissionais que apóiam todo o processo de ensino/aprendizagem: os/as administradores/as escolares, os/as planejadores/as da educação, os/as inspetores/as de ensino, os/as supervisores/as de ensino e os/as orientadores/as educacionais. Todos esses/essas profissionais têm ação centrada na educação básica, isto é, na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio.
Este artigo específico desta lei mantém a formação dos especialistas em educação por via dos cursos de graduação em pedagogia ou, como fazem várias universidades hoje, através de programas de pós graduação.
A partir dessa lei surge também a necessidade da criação de uma pós-graduação que contemplasse as necessidades das instituições comunitárias de Porto Alegre, a saber: Pós em Educação Popular e Gestão nos Movimentos Sociais.
A AEPPA recebe relatórios e cadastros de seus sócios e sócias onde estes/estas relatam onde estão desenvolvendo suas atividades educativas nas diferentes entidades sociais. Nesses relatórios contem os desejos, dificuldades e trajetórias das sócias/os da associação.
O grupo de educadoras/es populares oriundo das classes populares de Porto Alegre, formado por na sua maioria de mulheres que lutam por instituições comunitárias de qualidade, e consequentemente por formação continuada.
Desta forma, a associação buscou “a afirmação identidária do trabalhador como um grupo social específico” (SORJ, 2004, p.39), tornando a educação um lugar de luta reivindicatória de direitos. Para GOHN (1992, p.16), “a educação ocupa um lugar central na acepção coletiva da cidadania”. Desse modo, organizam-se grupos temáticos para se estudar as demandas dos diferentes núcleos da AEPPA. Destacam-se neste sentido, algumas falas de educadores/as que participaram do Seminário da associação (2006) que este buscou avaliar e traçar linhas de trabalho para os próximos anos, a conhecer:

O que motivou a luta por formação?
RESPOSTAS DE EDUCADORES/AS
• Aperfeiçoamento;
• Formação;
• Crescimento;
• Desigualdade Social;
• Valorização da Educação Popular;
• Elevação da auto-estima das educadoras;
Vantagens da organização da AEPPA:
• Consciência coletiva;
• Luta por formação; O que ou quem dificulta a luta?
• Dinheiro e consciência;
• Falta de motivação e apoio;
• Interesse pessoal;
• Dificuldade de acesso a AEPPA, porque a sede está distante;
• A sede deve ser mais próxima;
Comunicação da AEPPPA está:
• Não está boa, pois poderia se passado datas por: e-mail, telefone, informa nas reuniões, regimento interno, boletim de informação distribuído a todos os sócios;
• Criação de uma página na internet (site);
• Sócios devem telefonar para AEPPA ou para os núcleos,
• Ter responsabilidades com a associação


Nesse viés o percurso da instituição de educação popular aqui analisada, tem seu histórico de luta contra um modelo de educação segregada, onde a desigualdade de modelos de educação está intrinsecamente relacionada à concepção de sociedade que o Estado almeja. O caráter educativo desta associação pressupôs dimensões políticas, sociais, pedagógicas e culturais, onde a desigualdade na educação popular também “tem um forte componente racial e de gênero” (SORJ, 2006, p.20). Ainda o autor relata que:

Os dados estatísticos e os estudos sociais mostram claramente que os negros da sociedade brasileira se concentram nos setores mais desfavorecidos da população e que são na prática discriminados no mercado de trabalho – seja no acesso ao emprego, seja na remuneração -, no sistema judiciário e pela política. ( SORJ, 2006, p.22)


Como já foi dito, no histórico da AEPPA, a realidade do perfil das educadoras/es é de sua grande maioria composta de mulheres moradoras dos bairros mais empobrecidos da capital gaúcha, a maioria delas é mantenedora de seus lares e grande parte são mulheres afro-brasileiras.
Outro dado importante de ser destacado é referente à remuneração das/os educadoras/es populares de Porto Alegre, onde muitas/os recebem pelos seus trabalhos salários baixíssimos ou ajuda de custo mensal menor que o salário mínimo vigente. Como exemplo disso, trazemos o trabalho das;os educadoras/es populares que desenvolvem atividades com alfabetização de jovens e adultos nos diferentes programas de governo.
Essa desigualdade na educação brasileira tem “um eixo central da estratificação social” (SORJ, 2006, p.23), onde o Estado mascara um discurso de qualidade educacional a fim de silenciar a população.
A faixa salarial dos/as educadores/as é em torno de R$350,00, e isso demonstra que temos ainda educadoras/es que não recebem o piso fixado pela categoria e pelo seu sindicato, o SENALBA, que seria de R$540,00 para 40h semanais. Com os baixos salários que recebem, as educadoras e educadores sofrem com dificuldades financeiras, sendo impossível que consigam administrar a sua vida pessoal, tornando desta forma também inviável a efetuação de contribuição financeira para a manutenção da AEPPA e sua permanência nas Instituições de Ensino Superior, mesmo na condição de Bolsista. Este é um dos problemas que a associação enfrente hoje.
Assim, a conjuntura dos movimentos sociais demarca uma história de luta em prol de direitos mínimos de dignidade humana. A AEPPA que surge a partir de uma lei governamental e que só a partir dela que a mobilização se constituiu como luta coletiva de direitos é prova de que a educação popular é desvalorizada no país.
O grande instrumento consagrador do trabalho da associação tem uma relação com as políticas públicas educacionais (Lei de Diretrizes e Bases de Educação, 2006), e foi a partir desta que se instaurou um desejo interno, por parte de um grupo de educadoras (mulheres) de analisar esta lei educacional para que com o entendimento dela se pudesse cobrar do governo posições políticas em relação às educadoras populares.
Embora a associação tenha origem da necessidade de formação docente, imposta por lei, está foi também a possibilidade das educadoras/es sentirem-se portadoras de direito ao acesso ao conhecimento, bem como ao reconhecimento profissional. Para Paulo Freire o processo de luta da AEPPA seria por ele dita que tal movimento é uma atividade criadora, pois:
Quando os homens e mulheres realizam uma ação, refletindo sobre a mesma para melhorá-la, é uma ação criadora porque permite que as coisas se façam de acordo com as necessidades que tem em seu trabalho e não de acordo com o que dizem os livros ou os que querem ou acreditam saber tudo.






6. Novas conquistas e desafios


“Chega de fazer para os empobrecidos. Chegou à hora de fazer a partir deles e com eles. Essa é a novidade que você traz na esteira de Paulo Freire e da Igreja da libertação”. (Leonardo Boff em carta aberta ao presidente Lula, após a sua eleição).


A AEPPA junto a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) esta construindo e elaborando a proposta do Curso de pedagogia com ênfase em Educação Popular, para educadores/as populares. Essa experiência é parecida com ao que já ocorreu com os cursos: Normal, Pedagogia da UERGS E PUC/RS e Pós Graduação Brava Gente.

Para finalizar destacamos que a AEPPA tem desafios para os próximos anos, algum deles são:

• A busca pela sede da associação, para que se “contar com o mínimo de estrutura” ( Tamar, ex-presidente, 1988).
• Construir o mestrado para Educadores/as populares;
• Ampliar o número de sócios/as da AEPPA;
• Buscar novos parceiros/as para construção de novos projetos de educação;
• Publicizar as conquistas da AEPPA para outros educadores/as e possíveis parceiros/as a conhecerem a história da associação;
• Dar a sustentabilidade do desenvolvimento da Instituição como garantia das condições de sua manutenção;
• Conseguir financiamento para o “Projeto Adote Um Educador”, com a finalidade de fornecer aos/ás educadores/as em processo de formação suporte financeiro para evitar a evasão e garantir e a permanência destes nos espaços educacionais.



















Bibliografia

AEPPA, Referencial Histórico, 2006.
BRANDÃO, Rodrigues Carlos (org). Pesquisa Participante, São Paulo: Brasiliense, 1999.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Impressão Oficial do Estado, 1988.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.
DEMO, Pedro. Participação é conquista: noções de política social participativa. São Paulo, Cortez Autores Associados, 1988.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
____________. A educação na cidade. 5. Ed. São Paulo: Cortez, 2001.
_____________.Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa: São Paulo: Paz e Terra, 1996.
PAULO, Fernanda. A História de Luta e Organização de um Movimento Social, chamado AEPPA - Associação de Educadores Populares de Porto Alegre, (www.ongcidade.org/site/arquivos/artigos/aeppa3l476971750ace8.doc)
SOJ, Bernardo. A democracia inesperada. Jorge Zahar Editor Ltda., Rio de Janeiro, 2004.
SOJ, Bernardo. A Nova Sociedade Brasileira. Jorge Zahar Editor Ltda., Rio de Janeiro, 2006.




ARTIGO COLETIVO



EDUCAÇÃO POPULAR E ENSINO SUPERIOR - possíveis relações


Merli Leal Silva
Fernanda Paulo
Roque GRazziola



Resumo.
Este artigo tem como objetivo relacionar dois conceitos que, via de regra, não se conectam - educação popular e ensino superior. A educação popular como opção político-pedagógica cabe em todos os níveis de ensino, uma vez que se concretiza como práxis no mundo e para o mundo pressupondo diversidade e alteridade. A base cultural, a cotidianidade, a prática que se estabelece nas relações sociais, o mosaico de raças, credos, modos de ver o mundo- todos estes elementos mostram a face viva de um currículo de viés epistemológico popular.
Um ensino superior com foco na conscientização do sujeito a partir do conhecimento que vem da vida real pode ser instancia de construção de novas relações frente ao processo ensino e aprendizagem, ampliando possibilidades de inovações curriculares e permitindo que a educação cumpra o seu papel libertador. Cremos ser possível que a educação popular esteja metodologicamente inserida nas propostas de ensino superior, incluindo temas de estudo que tenham como foco a formação para a conscientização, independente de ser bacharelado ou licenciatura.

Palavras-chave: educação popular, ensino superior, Paulo Freire.


"(...) Ao longo das últimas quatro décadas, seus "alunos" foram emergindo da esfera da ingenuidade para a esfera da crítica; da passividade à militância; da dor à esperança; da resignação à utopia. Convencidos pelo senhor de que são igualmente capazes, eles foram progressivamente ocupando espaços na vida política brasileira. Por este novo Brasil, muito obrigado professor Paulo Freire." (Frei Betto.).

Introdução.
Segundo Cunha e Leite (1996), decisões curriculares implicam em definir o que ensinar para quem e para qual propósito. Mas as escolhas feitas não são neutras, elas envolvem poder e controle social e mais, são intencionalmente elaboradas. Os currículos, de uma forma geral, são criados a portas fechadas, por especialistas. A forma de fazer educação, formalizada no texto curricular, crê no saber tradicional, hierarquizado e definido sempre a priori. Uma das características fundamentais de uma educação para a autonomia tem relação com a capacidade de ouvir a comunidade educativa, para construir coletivamente projetos de ensino. Assim, a consciência de classe, a luta por direitos e cidadania é base importante para projetos de ensino emancipadores. Um currículo tem missões ideológicas de grande proporção na educação, principalmente das classes populares.
A educação popular busca como metodologia educativa libertadora, ler, desvelar criticamente a realidade e o mundo e revelar um novo modo de motivar os educandos para uma ação política frente ao conhecimento. Segundo Brandão : Pela primeira vez surge a proposta de uma educação que é popular não porque seu trabalho se dirige a operários e camponeses excluídos prematuramente da escola seriada, mas porque o que ensina vincula-se organicamente com a possibilidade de criação de um saber popular, através da conquista de uma educação de classe, instrumento de uma nova hegemonia.
A educação popular torna-se um espaço de luta constante, onde educadores e educandos, livres e respeitados em sua cultura e diversidade, constroem formas inovadoras de participação no contexto educativo. As possibilidades metodológicas são infinitas, uma vez que a cultura e a identidade do grupo em formação formam a base dos projetos de ensino. Ao incorporar princípios fundamentais da educação popular na concepção de projetos de ensino universitário, estamos construindo um novo perfil de egresso, uma vez que não serão apenas as lógicas capitalistas de formação que nortearão os currículos. A inclusão e exclusão de temas, a forma de avaliar, as estratégias de ensino, tudo carrega a marca da classe hegemônica e são estes valores que a sociedade valoriza e considera. Os meios de comunicação contribuem muito para esta padronização estética de comportamentos, a partir de uma matriz ideológica mercadológica. A sociedade do espetáculo, expressão de Debord, fetichiza e reifica os indivíduos, divulgando uma versão da realidade que serve para a manutenção do poder estabelecido. Reflitamos juntos: a) quantos projetos de graduação possuem uma disciplina de critica da mídia? b) Um médico um psicólogo, um administrador, entre outros, poderiam entender a manipulação midiática e resistir a ela?
Nesse sentido, incluir no currículo de todos os cursos conteúdos emancipatórios e formar mais do que profissionais, formar agentes sociais transformadores parece-nos urgente e necessário. Outro conteúdo fundamental para os currículos de ensino superior relaciona-se às relações sociais de gênero. Se não entendemos como nos tornamos homens e mulheres, como entender a sociedade e a diversidade, as questões raciais, direitos humanos, economia solidária? Os aparelhos ideológicos do Estado e do capital buscam preservar o “status quo”, usando o contexto educativo para legitimar-se e impor o seu poder. Mas se o poder precisa de uma relação para existir, talvez seja possível desconstruir este poder, começando por não estabelecer uma relação com ele.
Como ter uma visão de mundo ampliada e solidária se não tenho consciência política para me rebelar? A assunção de um projeto de ensino superior com uma epistemologia advinda da educação popular teria a marca da diversidade, da autonomia, da solidariedade, do dialógico, do emancipatorio, do ser sujeito e não objeto do conhecimento. Nos projetos de educação popular, os conteúdos são formulados a partir do coletivo, de participação ativa nas definições do que será aprendido-ensinado. Nada pode ser imposto, mas tudo pode e deve ser negociado. A consciência deixa de ser ingênua e passa a ser instrumento de luta, junto com o conhecimento resignificado. Este viés da educação popular como referência para criação de projetos de ensino, poderia de certa forma, resgatar um pouco do desmonte realizado pelos militares no ensino médio. Sem filosofia e sociologia, sem música e a disciplina de historia com rombos na memória, o aluno chegava ao ensino superior sem base crítica. Ainda hoje corremos atrás do atraso educacional de 1964-1985. Na perspectiva da educação popular, o ensino superior deveria ser um espaço não apenas de profissionalização, mas também lugar para ser, no sentido de formar cidadãos para a transformação social. Afinal, o mundo está mais solidário. Menos do que deveria, mas mais do que na década de 90.
A questão social como foco, em hora oportuna, tem como propulsor um esvaziamento do discurso neoliberal,- ninguém mais está disposto a ver o Estado ausente das grandes temáticas mundiais. A partir do FORUM SOCIAL MUNDIAL, no inicio do século XXI, a construção de uma sociedade mais justa e igualitária passou a ser um anseio da humanidade. Novas lógicas de formação social remetem para políticas inclusivas, afirmativas, etc. Este contexto tem espaço para incertezas, ordem, desordem; - um sistema aberto e em mutação.
No estudo realizado por Cunha e Leite (1996) sobre pedagogia universitária, uma questão levantada indica a necessidade de mudança nos projetos de ensino. Tudo que está consubstanciado no currículo foi definido pela academia. Mas, e ai o alerta, devemos compreender que se ele se materializa neste espaço, houve uma arbitrariedade anterior que o define, a qual está atrelada ao poder presente na sociedade. E isto pode ser mudado, no momento em que a comunidade acadêmica estiver consciente desta necessidade. Freire nos ajuda na reflexão.

Quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto mais obrigados a responder ao desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Mas, precisamente porque captam o desafio como um problema em suas conexões com outros, num plano de totalidade e não como algo petrificado, a compreensão resultante tende a tornar-se crescentemente critica, por isto, cada vez mais desalienada. (Freire, 2005, pg8 0)


Fazer educação popular significa sair de uma visão altamente burocratizada e compartimentada de educação para uma visão sistêmica e totalizante, onde o conhecimento com base na experiência humana não é considerado um conhecimento menor. Na verdade, este conhecimento que vem da cultura e das vivências populares serve de base para a criação dos projetos de ensino inovadores, focados na cultura e na identidade do povo brasileiro. Não estávamos acostumadas a ter em sala de aula tanta diversidade cultural e social. A inclusão no ensino superior chega a partir de ações afirmativas, abrindo espaço ao negro, índio, deficiente e pedindo novas posturas na concepção dos projetos de ensino. A classe popular assume-se como pensadora da cultura e como intelectual, na concepção gramsciana e passa a ser sujeito ativo na busca do conhecimento.
A implantação da educação popular como metodologia pedagógica, requer uma equipe docente e discente preparada para mudanças significativas na forma de ensinar e aprender. A palavra conscientização tem um papel grandioso como pratica de re-ver o mundo e inserir-se nele. Segundo Freire: “A conscientização implica, pois, que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera critica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica. ( Freire, pg. 26) .
Como atitude crítica no contexto educativo, ser consciente significa abrir mão de um mundo pronto e formatado e buscar um mundo para ser construído na luta cotidiana. Nesta concepção, tudo está para ser feito: metodologias, avaliação, o sistema no seu todo, na relação direta entre consciência-mundo. Tomar posse da realidade não é algo fácil, exige derrubar fronteiras entre os que pensam que sabem e os que pensam que não sabem, - aproximando-os para a busca de algo comum e que os faça livres de concepções pré-concebidas ou culturalmente introjetadas. A educação popular trabalha com a realidade, buscando desvelá-la utopicamente, por vezes, mas de forma crítica sempre. A busca de temáticas significativas para o ensino, a partir de uma pesquisa de palavras geradoras do contexto do educando substituiria a imposição fria e distante de currículos criados em gabinetes pedagógicos. A organização dos conteúdos de ensino, na educação popular, parte do processo de investigação dos temas geradores, elementos da realidade, da cultura dos educandos e da problematizacao destes temas mediados pelo diálogo entre docentes e discentes. Os temas geradores são a espinha dorsal da prática educativa libertadora. Parte-se sempre de uma investigação com as comunidades, com o alunado, das contradições existentes na existência destes sujeitos, de forma concreta. Estas contradições sãotratadas como um problema coletivo e irão exigem reflexão, problematizacao e ação. Esta investigação permite mergulhar no contexto dos educandos, através da convivência amorosa, observadora e sensível com a cultura do grupo em formação. “Num pensar dialético, ação e mundo, mundo e ação, estão intimamente solidários. Mas a ação só é humana quando, mais que um puro fazer, é um quefazer, isto é, quando também não se dicotomiza na reflexão”.
Um currículo é mais do que a configuração formal de um projeto de ensino, ele é também (e quase sempre) espaço de disputa, de inclusão e exclusão. O texto curricular se configura em uma figura prescritiva de normas que hierarquizam o saber e o torna um instrumento de reprodução da ordem social vigente. Mesmo nos projetos de cursos de graduação, com diretrizes curriculares extremamente flexíveis, os gestores pedagógicos optam por grades tradicionais e rígidas, tanto no conteúdo quanto na forma. As formas de ensinar e aprender sofreram muitas mudanças nos últimos anos, mas as práticas escolares derivadas dos currículos são pouco inovadoras. A inovação não vem da tecnologia de ponta, mas de um pensar diferente as relações de aprendizagem. Para Sacristán (1998) o currículo virou um lugar fechado, povoado de especialistas em gabinetes sem janela: “Assim se deu à impressão de que confeccionar um currículo é um oficio de especialistas, como se só eles possuíssem as chaves do que a escola e os professores/as devem fazer. Sob uma linguagem aparentemente científica se ocultam às opções que se tomam”. (1998- pg. 168).
Deixamos de ser consumidores de conteúdos curriculares, para sermos cidadãos ativos e co-responsáveis pelo nosso destino neste mundo. A capacitação das classes populares através da educação popular é realizada através de mobilização intensa, organização forte e esforço concentrado para mudar os rumos da escola, que quase sempre está voltado ao poder hegemônico. Um currículo construído nestas bases deve prever, sem duvida, a esperança concreta de mudança. Ele mesmo, texto curricular, passa a ser uma ferramenta de mudança. Cada docente é um elemento fundamental nesta mudança, a partir de sua ação-reflexão nas aulas. O currículo oculto, enfim desvelado, para que se coloque à prova a forma como o conhecimento oficial é organizado e hierarquizado. O ato da reflexão que origina uma ação transformadora em práxis educativa revolucionária e dialógica, tem como ponto principal uma educação que incluam todos e todas. A dimensão cultural é componente fundamental: o corpo precisa ser acordado, a música precisa ser ouvida, o canto de roda, de trabalho, as lendas e mitos de um povo, as histórias não oficiais, o currículo oculto, enfim, conteúdos significativos de uma produção forte e intensa como o povo brasileiro. Como Paulo Freire escreveu -não podemos nos colocar em uma posição arrogante de professor que pensa lidar com ignorantes, mas um ser humilde, que crê que o saber é sempre relativo e que muitas vezes nossos alunos sabem muito mais que nós algumas coisas. Sem amor não há educação, pois precisamos para amar abrir mão do egoísmo, abrindo-nos a compreender realmente o outro e respeitá-lo na sua diferença, acima de tudo. O propulsor de um projeto de educação popular é uma fé inabalada na mudança social através do real acesso da população menos favorecida a bens culturais e educativos de qualidade. A educação passa a ter caráter permanente, em todos os espaços; onde haja gente consciente, há educação popular. Significa que cada um e cada uma de nós já pode estar fazendo educação popular no seu local de atuação profissional, mesmo que não seja nas comunidades de base. A educação popular dar-se-á onde haja a força de um movimento social ou da reunião de pessoas conscientes do seu papel social e sabedoras dos seus direitos. Nesta perspectiva, o “lócus” da educação popular é o espaço onde haja consciência social, esperança, humildade e força. “Quando um homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstancias” (Paulo Freire, Educação e Mudança, RJ, PAZ E TERRA, 1979, PG 30).
Para as classes populares estudar quase nunca é prioridade; o conhecimento torna-se o instrumental para entrar logo no mercado de trabalho e gerar renda. Até porque sabemos que existe a escola para os ricos e a escola para os pobres. Na escola dos pobres o professor fica doente e não tem ninguém para substituir, as aulas terminam 20 minutos antes, falta giz e não tem quadra para jogar futebol. Quando vem o vestibular, provavelmente as condições para entrar em uma federal serão mínimas para quem estudou na escola dos pobres. Enfim, a classe popular vai sozinha abrindo seu caminho para tentar um lugar ao sol.
Para Baudelot (1991- pg. 39) “democratizar o ensino é simplesmente por a escola a serviço do povo, evitando antes de tudo que os trabalhadores não recebam por bagagem escolar inteira subprodutos da instrução reservada aos futuros intelectuais”.

Considerações Finais.
A educação popular ainda não possui o investimento necessário por parte do poder público e há vários equívocos epistemológicos sobre sua origem e seu papel. Talvez pelo fato deste conhecimento e estar atrelado à vida real e na organização dos movimentos socais. É uma educação cheia de vida, com cheiro de terra do assentamento e com a palavra da liderança comunitária na sua organização. É uma educação onde ninguém sabe tudo e todos aprendem juntos, pois cada experiência de vida é valorizada e contextualizada nos planos de ensino. O processo relacional com o alunado também é diferenciado-ouvimos a sua palavra para construir todo o projeto.
Educação popular tem a ver com um saber que liberta, pois estamos sempre aprendendo a fazer educação popular; ela é complexa, rica, ritualística, apaixonante. E também é dogmática, por vezes partidária, nutrindo-se da dialética e do debate constante.
A classe popular urbana, na visão de Nogueira (1991), possui uma relação bastante contraditória com a escola: primeiro a rejeita, reagindo à forma como ela categoriza os sujeitos e os enquadra, por vezes inferiorizando-os socialmente. Este fenômeno ocorre principalmente pelos conteúdos curriculares que usam sempre como referência os saberes da classe dominante. Paradoxalmente, estas mesmas classes cobram seu direito à educação formal de qualidade, reconhecendo-a como fonte legítima de aquisição de conhecimento e instrução, esperando dela promoção social e espaço social qualificado para todos e todas. É direito da classe popular ter espaço político, simbólico e material, mas estas condições não estão dadas. Como a maioria não possui este capital conquistado a priori, cada término de escolarização é uma vitória em relação às estatísticas que mostram que quanto menor a renda, menor acesso à instrução. Na verdade, a escola está cada vez menos atraente e as pessoas continuam não sendo felizes nela, seja em qualquer nível de escolarização. A evasão está cada vez mais atrelada a esta falta de inventividade do espaço escolar e das relações que nele se estabelecem. Uma alternativa possível é: trazer o saber popular para ser fonte das concepções curriculares e inovar nos conteúdos e nas propostas metodológicas. Encerramos a reflexão com Freire (2005):[...] a razão de ser da educação libertadora está no seu impulso inicial conciliador. Dai que tal forma de educação implique a superação da contradição educador-educandos, de tal maneira que se façam ambos, simultaneamente, educadores e educandos. ( Freire, 2005, pg. 67).



Referências Bibliográficas:

Apple, Michel. Educação e Poder. POA, Artes Médicas, 1989.
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido-RJ, PAZ E TERRA, 2005.
Brandão, Carlos R. O que é educação Popular. SP, Brasiliense, 2006
Nogueira, Maria Alice. Trajetórias Escolares, estratégias culturas e classes sociais. Notas em vista da construção de um objeto de pesquisa, pg. 89. In Dossiê: Sociologia da Educação, Revista Teoria da Educação, POA, Pannonica, 1991.
Baudelot, Christian. A sociologia da educação para quê, Pg. 29. . In Dossiê: Sociologia da Educação, Revista Teoria da Educação, POA, Pannonica, 1991.
Sacristán, Jose Gimeno. Compreender e transformar o ensino. POA, ARTEMED, 1998.
Freire, Paulo; Rosiska, Miguel; Oliveira, Darcy; Ceccon, Claudius. Vivendo e Aprendendo-experiências do IDAC em educação popular. SP, Brasiliense, 1981

Paralisação


Mobilização para um olhar coletivo para a Lomba do Pinheiro!!
Ontem, 13 de agosto de 2009, foi um dia de estrema importância para mais um capítulo da nossa história do movimento social na Lomba do Pinheiro. Dezenas de pessoas (moradores, profissionais da Assistência Social, saúde, educação e lideranças em geral) estiveram na luta em defesa e garantia da qualidade de saúde no bairro. O movimento resultante do Conselho Popular e organização de reuniões da saúde (CDS) significam que a população está sim, buscando controlar os equipamentos estatais que o governo municipal vem querendo privatizá-los como é o caso do Pronto Atendimento (PA) 24 horas.

A população tem demonstrado, pelo olhar, raiva, falas e gestos, a insegurança e preocupação para com a administração do Governo Fogaça e também pela falta de comunicação entre esse governo e a sociedade civil. É por isso que se deliberou coletivamente à paralisação com vistas buscar retorno e espaços para debater e reivindicar uma política de saúde qualificada para o nosso bairro. O "parar" foi propositivo e com a intenção de um novo olhar para a direção da saúde deste bairro. Não numa perspectiva de "queba-galho" de políticas públicas ou "para irritar motoristas", mas para protestar para que o direito que temos, constitucionalmente, (direito a saúde pública de qualidade) e o dever que é do estado (como um todo), sejam garantidos, não só quantitativamente, mas qualitativamente também.

Todavia, ao ter proposto a questão da paralisação, não se buscava apenas uma resolução pontual para nós, moradores (as), mas que essa desse uma re-significação de como a participação comunitária pode fazer a diferença no resultado final dentro de um processo.

Nesse sentido, a caminhada e a paralisação realizada ontem (13/08/09), devida sua relevância como instrumento estratégico, devem ser vistas e interpretadas, como um meio de mobilização que visa um determinado objetivo, que a meu ver, mais uma vez conseguimos atingir satisfatoriamente, graças ao envolvimento e protagonismo dos militantes sociais desta região.


Fernanda Paulo
Formação de Educadoras (es) Populares de Porto Alegre: trajetória e desafios

Fernanda Paulo


RESUMO
O presente artigo tem sua origem no desejo da autora em pesquisar os processos de formação inicial de um grupo de educadoras, na gênese na Educação Popular, visando contribuir através do estudo e análise, o fortalecimento e concretização dos fundamentos teóricos, éticos, políticos e filosóficos que embasam a educação popular no Brasil nos cursos de formação docente quanto à formação das (os) educadoras (es) populares de Porto Alegre em nível superior. Para tanto, aborda-se os conceitos de Educação Popular, desvelando os anseios, desejos, realizações e esperanças ao lado da historicidade e intencionalidade de um movimento organizado chamado AEPPA (Associação de Educadores Populares de Porto Alegre). Realizou-se observação participante e pesquisa semi-estruturada com doze educadoras populares que responderam questões, referente às suas instituições acadêmicas, quanto aos seus respectivos currículos e a respeito do perfil das professoras que trabalhavam (se trabalhavam) disciplinas que contemplavam a educação popular, bem como questões a respeito de suas experiências. Assim, as trajetórias e desafios das trabalhadoras(educadoras) em educação popular no contexto das instituições comunitárias, da capital gaúcha, será objeto de analise, avaliação e discussão sobre os aspectos positivos e negativos referente à formação acadêmica das educadoras populares.

Palavras-chaves: Educação Popular - Formação - Currículo – Desafios
Introdução
Este artigo é uma possibilidade de diálogo com a educação popular e seus agentes sociais a partir de um estudo com educadoras (es) que desenvolvem atividades em educação popular em Porto Alegre há bastante tempo, e que só após alguns anos, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 que um grupo de educadoras (es) através da organização de uma associação de educadores em Porto Alegre, buscou por formação em nível médio com o curso de magistério (normal) e posteriormente a formação em nível superior nos princípios da educação popular, onde essa busca deu-se por meio de uma luta de classe: Educadores (as) x governo municipal.
Foi, portanto, a partir da historicidade da associação que surgiu o questionamento: “Será que a educação superior está dando as ferramentas necessárias à formação do (a) pedagogo (a) popular para atuar nos processos educacionais e sociais em Porto Alegre?” Este questionamento foi o embasador deste trabalho inicial.
Nos últimos anos vive-se um momento histórico de emancipação das classes populares a partir da organização de um movimento social chamado AEPPA (Associação de Educadores Populares de Porto Alegre) onde o educador (a) se constitui pesquisador (a) de um novo desafio – formação acadêmica contextualizada a realidade de trabalho da educação popular.
Como alternativa a esse desafio, grupos de educadoras (es) passaram a escrever que cursos de Pedagogia necessitavam para qualificar suas práticas de trabalho. Um dos resultados mais significativos deste movimento foi o curso de Pedagogia da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul) que teve em seu currículo a ênfase na educação popular. Anos depois, surgiu com a AEPPA o curso de Pedagogia da PUC, que sua nomenclatura é Pedagogia com ênfase na Educação Popular.
Desta forma, pretende-se discutir e estudar a formação acadêmica de educadores (as) populares, formados em Pedagogia em diferentes instituições que tem parcerias com a AEPPA, assim como fazer uma análise e ao mesmo tempo buscar resposta a seguinte indagação: em que medida a formação superior dá embasamento a prática pedagógica na educação popular.
A partir deste questionamento deu-se início a escuta, observação e conversas com educadoras populares que já estão graduadas e que buscam através da formação o seu reconhecimento profissional. A protagonista desta caminhada é a organização da associação que se criou como alternativa de mudança responsável, autônoma e crítica através da formação permanente das (es) educadoras (es) que desenvolvem atividades educativas nas instituições comunitárias da capital gaúcha.
Assim, o objetivo deste trabalho configura-se em um convite ao conhecimento sobre a história de doze educadoras populares da cidade de Porto Alegre e suas alternativas de mudança de vida através da palavra “FORMAÇÃO”. Ao lado dos relatos individuais, há também o relato coletivo do grupo de educadoras que se desvela como caminho de descoberta, reflexão, construção, desafios e curiosidade epistemológica da trajetória prática e teórica da AEPPA , constatados em documentos, como atas, registros e relatórios de reuniões institucionais desta Associação.
A formação de Educadoras (es) Populares, entendida aqui como uma experiência sócio-histórica e política tem, também, suas dimensões, históricas, estética, éticas e filosóficas, não sendo neutras, porque “Mudar a cara” da Educação Popular tem sido uma caminhada difícil, mas possível a partir de um olhar crítico e contextualizado das (os) agentes sociais que protagonizam essa caminhada. Estas (es) educadoras (es) buscam firmar suas identidades profissional e consequentemente sua valorização.
É importante destacar que até a década passada às educadoras de Porto Alegre, eram nomeadas como TIAS (educadoras populares) por estarem na condição de pessoas leigas para o trabalho que exerciam, na educação social.
Assim, a formação permanente, que vai muito além do que a busca por uma remuneração digna, permeia-se também, por questões referentes à valorização destas profissionais enquanto categoria.
Desta forma, a caminhada percorrida norteia-se na luta por formação docente como formação permanente, consciente de seus direitos, emancipadora, significativa e histórica. No bojo da sociedade onde os ideais da educação têm sido descaracterizados, as palavras “Participação” e “Organização”, têm sido marcas de quem é educadora (or) popular.
É na associação - AEPPA, onde busca-se ideais coletivos, em que as atividades grupais de busca significam processos, resgates, lutas, utopias, perseveranças, esperanças e movimentos de construções de mudanças ousadas que Segundo Freire(1991) mudar:
Numa perspectiva realmente progressista, democrática e não – autoritária, não se muda a ‘cara’ da escola por portaria. Não se decreta que, de hoje em diante, a escola será competente, séria e alegre. Não se democratiza a escola autoritariamente.

Assim, outro aspecto relevante às questões referentes à formação permanente, que estão além de uma remuneração digna, permeia-se também, por questões referentes à valorização destas profissionais enquanto categoria – educadores (as) pesquisadores (as) que superaram o problema de falta de formação através de alternativas de transformação da educação como parte de um projeto social e escrito por quem viveu (ainda vive) na situação de oprimida (o) , e que por isto mesmo, superam a cada participação , o idealismo educacional atual, procurando entender, estudar e pesquisar o real objetivo das(os) educadoras(es) populares de Porto Alegre, tomando como princípio desta descoberta a dialética como um instrumento de compreensão da realidade de quem faz a Educação Popular.
É nesse sentido, que as (os) educadoras (es) populares de Porto Alegre têm o processo de auto - conhecimento , diário e contínuo, pois nada é dado como acabado / pronto a eles/elas, estando tudo em movimento, ou seja, em um projeto de construção permanente de quem são os (as) educadores (as) dentro da cidade de Porto Alegre e qual são suas respectivas funções nesta sociedade neoliberal.
Este desafio inacabado, em que as (os) educadoras (es) vão se formando juntamente com suas relações sociais, a procura de novos saberes e a partir da trocas dos saberes feitos, é resultado da realidade contextual da educação social em que nada está pronto, e sim, em projeção, em fase de descoberta de em um mundo que tudo está em mudanças constantes. Em vista disto, verificar o avanço qualitativo da formação acadêmica das educadoras que tiveram sua formação em Pedagogia se fez necessário escutar, observar e conversar para obter possíveis respostas do estudo a qual me propus realizar.
Analisar, avaliar e entender os diferentes currículos dos cursos de pedagogia seria uma tarefa de prioridade para este trabalho, contudo a sua complexidade somado com tempo disponível inicial que tive não pude concluir todos os meus objetivos para este trabalho, mas com os resultados que coletei proponho desenhar alternativas que possam contribuir para qualificar os cursos de graduação, buscando contemplar a educação popular nos currículos dos cursos superiores em Pedagogia.

2. Novos desafios, pesquisas e construções.
O fruto da história da educação popular é de uma sociedade opressora em que os cidadãos (as) não puderam discordar, refletir e tomar decisões acerca de tudo aquilo que os/as afetava, ou seja lhes foi negado o direito de "pronunciar" as suas palavras, como diz Freire. Mas, ainda que as educadoras fossem tratadas como coisas e objetos (e não como pessoas que educam e são educadas, sujeitas da educação), tal silêncio não permaneceu por muito tempo. Este silêncio aparente, que ao dizer a palavra, o re-conhecimento deste silêncio foi processo importante para se chegar à constituição de uma associação.
Homens e mulheres que educam e são educadas, através de um movimento coletivo, puderam expressar-se livremente dizendo sua palavra, falar sobre o que pensavam dos seus trabalhos, seus anseios, desejos e a forma como queriam organizar-se para transformar tal realidade. A mudança iniciou-se com a participação popular, em que o “desvelar” a realidade ia tornando-se um ato curioso, pois o lutar por direito ao trabalho com dignidade e formação foi um momento de conhecimento daquilo que não se enxergava.
O “espírito investigador” que movimentava aquele grupo de educadoras (es) estimulava a curiosidade para conhecer ao fundo o sentido das coisas. Estudar as “coisas”, porque naquele período, tudo era “coisa”, pois não se tinha o conhecimento cientifico das nomenclaturas que norteavam a educação brasileira. O desejo de aprofundar as curiosidades e as idéias do contexto, estudando leis, pareceres e documentos afins, foi sem sombra de dúvida, desafio epistemológico.
Algumas questões encontram-se em aberto, pois em um movimento de construção daquilo que se foi negado como direito as(os) educadoras(es) populares de Porto Alegre, o inédito viável , tem estado presente no cotidiano das ações destas(es) educadoras(es) sociais, e, no entanto contextualizar a educação popular no âmbito acadêmico torna-se desafio constante de estudo e questionamento sobre a importância da temática.
A cada vivência nos movimentos populares surgem questionamentos que resultam em uma visão histórica e social da história da educação brasileira. As situações – limites da realidade das instituições comunitárias que as educadoras e educadores desenvolvem suas atividades é desafio na busca permanente por formação.
A participação do grupo de educadoras aqui pesquisadas é heterogêneo, e todas vivenciam da mesma realidade profissional, brigam e lutam por novos desafios, buscando a conquista da sua emancipação enquanto educadoras populares, com formação e condições digna de trabalho para a sua saúde pessoal e profissional.
É assim, que a pesquisa e a construção estão relacionadas ao diálogo, que é “o encontro dos homens (mulheres também) mediatizados pelo mundo para dar um nome ao mundo”( FREIRE, 1970, pág.45). Somada a está participação neste diálogo investigador de descobertas essas educadoras demonstram estar engajadas politicamente nos seus fazeres pedagógicos e sociais.
Essas relações de participação têm possibilitado a construção de uma identidade sócio-cultural das educadoras por meio de estudos, pesquisas e movimento intenso de reivindicação. Essa caminhada de descobertas está se relacionada à AEPPA, enquanto movimento social de origem popular que briga por acesso aos bens e direitos de educadores (as) populares.
Foi através de pesquisas, descobertas e estudos que a associação se descobriu produtora de conhecimento. A primeira vez que as educadoras se enxergaram amparadas por alguma lei foi em 1996, onde ela se fortaleceu para lutar pelos seus direitos. Essa descoberta de direitos foi desvelada por meio de uma noticia no jornal, cujo destaque dava-se ao Art. 62 da LDBN:
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

É a partir desta noticia que se dá a da AEPPA, onde educadoras se vêem na urgência de garantir formação continuada as (os) educadoras (es) de Porto Alegre, pois as instituições comunitárias de educação social – popular, no corrente ano (1996), ainda contavam com educadoras populares sem o acesso ao nível de formação mínima concluída, o magistério – modalidade Normal. Foi com o movimento de descoberta de direitos, que Freire chamava de “Consciência crítica”. Para Freire, “a consciência crítica é o conhecimento que consegue desocultar” certas definições que explicam a maneira como são organizadas as estruturas sociais. A consciência do direito desvelou a realidade daquele momento, conduzindo as educadoras e educadores a lutarem e fundamentarem-se na criatividade, reflexão e a ação sobre a realidade das instituições comunitárias de Porto Alegre. Segundo uma das educadoras ouvidas, “o objetivo era promover a transformação” .
É a consciência que “inquietou” pela causalidade de descobrir possibilidades em que as educadoras (es) se conhecem como sujeitas de direitos garantido por lei e com isto passam a dedicar-se a construir mecanismos de formação participativa de grupos de pesquisa que lutam pela ação democratizadora e humana na busca por formação permanente em educação popular.
A educação neoliberal, aquela que é pragmática e centra-se em uma educação técnica, de puro treinamento, se reduzindo a transferência de conteúdos em que não existe possibilidade de mudança, visa a “Mercantilização da Educação ”, que vem de encontro à educação popular que se deseja em Porto Alegre. É contra este modelo de educação que a AEPPA luta, pois na associação o pressuposto de uma proposta de trabalho reflexivo é aquele que incentiva a pesquisa a partir da importância da formação do (a) educador (a) popular para uma atuação crítica e participativa na transformação da realidade do contexto social de uma sociedade desigual como a qual vivemos. Para este trabalho, o “diálogo é uma exigência existencial” ( FREIRE, 1970, pág.45) para o processo de construção de uma educação problematizadora.
3. Diálogo com a Educação Popular e Educação Universitária
O grupo de educadoras populares que participaram da pesquisa conceituou com uma palavra o que é a educação popular a partir de suas experiências, onde apontam palavras significativas na ação pedagógica que pode ser visualizada no quadro a seguir:

Conhecimento Inclusão
Cidadania
Diversidade
Transformação
Emancipação
Realização
Revolução

Conhecimento Desejo Compromisso social Inclusão

Paulo Freire , diz que: “Ensinar exige comprometimento”, que vem ao encontro do comprometimento com a formação permanente que as educadoras já graduadas disseram ter buscado na formação acadêmica. Para elas, que ensinam e consideram-se “eternas aprendentes”, as palavras demonstradas no quadro acima que conceitua a educação popular expressa o quanto torna-se importante essa abordagem como componente curricular dos cursos de pedagogia.
Nesse sentido, a presença política de um educador (a) popular deve ser levada e consideração no que se refere à formação de pedagogas (os) na sociedade atual.
A presença concreta de quem tem opções por uma educação libertadora e que ousa desvelar novos conhecimentos, tendo a capacidade de analisar, comparar, estudar, avaliar, decidir e de romper com paradigmas que contrapõe com o sonho de uma educação popular é percebida na fala e gestos das pesquisadas. A autonomia, a ética e a responsabilidade foram possíveis de perceber com os relatos, assim como foi possível sentir e comprovar a questão de pertencimento quando se conhece a historicidade do Movimento Popular que as/os educadoras/es sociais comprometeram-se trilhar. Estas educadoras demonstraram fazer e ser parte do movimento, destacando que as doze educadoras acreditem que a AEPPA precisa qualificar seus processos gestionários dando ênfase à gestão democrática. A partir dessa análise crítica elas dizem que o compromisso de mudança é de todas educadoras e educadores, pois “há um grupo de educadores que estão formados e este grupo deve estar junto nesse processo de mudança”. (fala de uma educadora, 2008). Nesse sentido, mudar dá- se a cada dia a partir das práticas reflexivas das (os) educadoras (es) que estudam e praticam a educação popular.
Nesse momento perguntei ao grupo de educadoras porque a questão da gestão na AEPPA surgiu na nossa roda de conversas?
Uma educadora respondeu: “A gestão é parte da pedagogia, a AEPPA é parte da formação, tudo é educação”, logo a outra educadora colocou “isto é currículo!”, todas do grupo concordaram e contribuíram na reflexão conjunta sobre a Pedagogia na educação popular. Essa prática de fazer relações em uma inserção crítica a partir das experiências cotidianas instrumentalizava o grupo a pensar os seus cursos de Pedagogia. Esse é, de fato, um processo revolucionário, pois os fazeres vem do povo (educadoras), do diálogo, do refletir, do questionar e do desejar.
Assim, a formação político-pedagógica das/os educadoras/es populares tem um referencial voltado à educação popular, que orienta a proposta ora supracitada, mas que vai além desta, porque objetiva intervir e transformar a realidade de seus trabalhos através da formação permanente e contextualizada. Assim, deseja-se romper com a “educação bancária” que Paulo Freire(1970) tanto questionou, principalmente para tomar o cuidado de não reproduzir o que se tem pronto, mas que seja possível ousar a criação, assumindo um compromisso com a transformação social. Desta forma, a educação popular e educação pública são fatores de suma importância para um currículo inovador e indissociável da realidade local e global oriundo de um pressuposto emancipador. Estes componentes curriculares devem ser inovadores, ousados e que rompam com a “ cultura do silêncio”, sendo necessário, entender que o contexto teórico e prático seja reflexivo de uma ação consciente , conforme diz Tomaz Tadeu da Silva :
Currículo é lugar, espaço, território, é relação de poder, é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo se forja a nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento. O currículo é documento de identidade (SILVA, 2003, p. 150)

É necessário, assim, pensar Educação Universitária como um todo, e que seja ela pública e de qualidade, inovadora e como diz Paulo Freire (1997, pág. 27-38), que seja “uma escola democrática e popular” , no entanto que seja ela um convite à transformação, que convoque a Universidade como um todo a engajar-se na mesma luta por uma educação de qualidade, democrática, participativa e popular. Alguns desses caminhos as educadoras/es populares da capital gaúcha já caminharam com curiosidade, sensibilidade, emoção, ousadia e criatividade. A trajetória tem tido seu êxito por ter sido construída de forma participativa, onde procura-se socializar o conhecimento experimental da prática em educação popular e suas manifestações culturais para serem teorizadas na formação acadêmica. É este o momento de pesquisa da própria prática onde todos/as desejam pesquisar e ser pesquisado, conhecer o outro, conhecer-se, avaliar-se e avaliar suas práticas, bem como sonhar buscando alcançar mecanismos libertadores para alcançar esses objetivos.
Pode-se dizer que a luta e o anseio dos/as educadores/as populares, vista como educadoras/es leigas, por formação diferenciada e referenciada nos pressupostos da educação popular é resultado da necessidade de cursos no nível da educação básica e superior, voltada ao compromisso social à demanda das instituições comunitárias de Porto Alegre.

3.1. Estudo e curiosidade como intervenção nas políticas públicas

A democracia, percebida na participação das educadoras populares e educadores através de uma associação é fruto de uma demanda de Porto Alegre, que a partir desta, a organização se dá de forma direta, ou seja, o poder é oriundo do povo e pelo mesmo é exercido diretamente. Este povo, aqui são as mulheres e homens que um certo dia, cansadas/os de tanta opressão, tomam a liberdade a partir da suas realidades, de fazer as suas ações culturais – ler e escrever a sua realidade com criticidade. Para Freire, a ação cultural para a liberdade tem sua caracterização pelo diálogo reflexivo e pelos esforços participativos de indignar-se com a cultura dominante/pronta que lhes é dada como única opção.
Nesta perspectiva, a AEPPA ( Associação de Educadores Populares de Porto Alegre) além de ser fruto da organização popular é um instrumento de luta pela garantia e efetivação da qualificação dos/as profissionais que atuam na educação infantil, nos programas de apoio sócio-educativo e na educação de Jovens e adultos.
Assim, mulheres e homens, como sujeitos histórico-sociais tornam-se capazes de intervir e romper com a realidade excludente a qual estão situadas/os, e que se percebem educadoras/es sem medo de tentar, criar e fazer. O medo de enfrentar a realidade é aquele que o opressor coloca ao oprimido explanando, a ele que a este não é permitido o poder de criar, inventar, transformar, ousar e ser.
O medo é oriundo da opressão, ou seja, da pedagogia dos dominantes, onde se fundamenta em uma prática voltada a uma concepção bancária de educação em que é negado qualquer tipo de contradição ao modelo oferecido como única alternativa possível de vir a ser. Sabe-se que em uma sociedade capitalista, o vir a ser está relacionada à educação exercida como uma prática de dominação, e com o desejo do opressor contra as classes populares, pois as elites nas sociedades industriais desejam deter o conhecimento técnico, político e intelectual como mudança possível a partir do saber de uma minoria. É, nesse sentido elitista, que há favorecimento a poucos o acesso à universidade, e foi por isto que a AEPPA surgiu, reivindicando o acesso à educação, sem medo, como direito a qualidade de seus serviços.
Conforme, FREIRE, 1997, pág.27 que nos diz que quando algo é difícil “há sempre uma relação entre medo e esta dificuldade”, onde nesta relação entre os/as sujeitos/as que temem a situação de opressão ou quando se soma ao “objeto do medo (...) que é o sentimento de insegurança”, a caminhada em busca do que é sonho possível é mais longa, porque existe toda uma política organizada voltada para a “Mercantilização da Educação ”. Desta forma, esta realidade é hoje mobilização, bem como instrumento de ir à luta e de fazer história com ética e cidadania, pois para a educação popular é inaceitável que a educação seja voltada para o mercado e que o/a educador/a não se engaje contra esta visão neoliberal de escola onde os seus valores assumem um papel hegemônico e reprodutor.
É dessa opressão, também, que as educadoras e educadores populares da capital gaúcha lutam contra, pois a insegurança e medo que os opressores tentam reprimi-las para enfrentar as dificuldades profissionais, bem como a realidade educacional são hoje objetos de movimento de luta por direito de ser exercer com melhor qualidade profissional as suas funções.
Assim como de fazer um movimento social com características voltadas à educação cidadã para a emancipação com o resgate de valores participativos, que vão permear pela democracia, solidariedade, cooperação mútua, liberdade, igualdade de direitos, identidade heterogênea, cidadania plena, participação efetiva e amorosidade.
A educação popular para a cidadania é fruto de investigação da realidade sócio-histórica e concreta do processo educacional brasileiro, que vem de encontro com “mercoescola” e com todo tipo de opressão às classes populares.


3.2 O conhecimento da educação popular e as manifestações culturais presentes na formação das/os educadores/as populares de Porto Alegre;

O Movimento Aepano , junto a muitos militantes sociais, de forma organizada constituiu-se como alternativa, luta e conquistas na historicidade da educação popular, dentre elas a parceria com instituições de educação para a busca da formação profissional das/os educadoras/es populares. Mas como esta formação vinha se sondo a sonhos, ela não era qualquer formação, era o desejo do “inédito viável” para o além do “componente estético da formação do/a educador/a” (Moacir Gadotti) popular, era o sonho com vida na busca esperançosa pela mudança. Foi o início de uma caminhada de manifestação dos sonhos, lutas, lágrimas, sorrisos, conhecimentos, questionamentos, dúvidas, anseios, mas também de sentir na alma e no compromisso político aquilo que se quer dizer e fazer, ou seja, foi um caminho da não desistência e da não neutralidade da realidade local e global da história das mulheres e homens que fazem à educação social em Porto Alegre..
Foi assim que a AEPPA surgiu da necessidade concreta de direitos até então negados e da luta política contra a opressão, a favor das classes populares e das suas condições de oprimidas (os). A esse movimento, que tem percorrido e que permanece percorrendo em busca dos sonhos possíveis, porque a associação tem em seu papel a construção de projetos, pesquisas, realizações de sonhos e de aprendizados contínuo.
É, portanto, uma luta que leva a realização de sonhos, não qualquer sonho, mas muitos sonhos de amplitude comunitária e de reconhecimento de legitimidade social, político e cultural, onde, faz a cidade de Porto Alegre ser reconhecida pelas lutas em prol de educação de qualidade, e por isso para a AEPPA educação tem sido motivo de constantes movimentos populares, que se constituí pelo movimento a favor de uma educação cidadã que se faz oposição ao clientelismo, a elitização e a mercoescola . No tocante das propostas educacionais, que na maioria das vezes, advindas de formas autoritárias, são na AEPPA, reavaliadas, rediscutidas e reivindicadas pelo povo, ou seja, pelas educadoras/es populares, que buscam a libertação, construindo uma contra proposta, uma vez que, estão organizados de forma participativa para a constituição de sujeitos /as da história educacional de Porto Alegre, se opondo a condição de dominação política imposta pelo poder público, hoje nas esferas municipal e estadual, assim como se referenciou Freire (2000, p.115):

Não posso aceitar calado e 'bem-comportado' que um bilhão de desempregados com quem o século se encerra sejam considerados uma pura fatalidade deste momento. Nenhuma realidade social, histórica, econômica é assim porque está escrito que assim seja.

O processo educacional, que historicamente foi um ato coletivo, porque entende-se aqui a como construção de homens e mulheres, por não ser uma construção individual, tem um horizonte no contexto dos movimentos sociais que por si, tem princípios da educação popular organizada e coletiva, pois quando “a pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel nela. Recusa acomodar-se. Mobiliza - se, organiza-se para mudar o mundo”. Este recusar-se a, que se analisa como releitura de mundo e instrumentos de consciência das /os educadoras /es populares da capital gaúcha. O mobilizar-se e o ir à luta nunca foi neutro, pois a educação e a política são indissociáveis, estando ambas nos revelando a impossibilidade da neutralidade e da “apoliticidade” do ato educativo, que de acordo com Freire: “Não há educação sem objetivos, sem finalidades. É isto que, fazendo-a diretiva, não permite sua neutralidade ou a neutralidade do educador” (1991: 119-120).
Se todo o processo educativo tem uma dimensão cultural, política e ética que instrumentaliza a ação do educador/a, por onde responde às necessidades da sociedade, a educação popular não pode se negar o estudo e intervenção na realidade atual, tendo em vista que são estas as dimensões que vão definir a identidade das educadoras/es populares na medida em que se percebe e se constitui como prática que a educação popular não tem visão ingênua. Todavia, o movimento social que luta participadamente a favor da comunidade e da educação de qualidade tem reivindicado por seus direitos. Direitos estes negados e que por vez foi na escolha por duas linhas distintas: opressão ou de libertação, que a AEPPA optou pela libertação consciente de que mudar é possível de forma organizada, que segundo Freire, 1997: “Do ponto de vista crítico, é tão impossível negar a natureza política do processo educativo quanto negar o caráter educativo do ato político”.
Ao considerar que a educação popular tem uma natureza de cunho político, Paulo Freire (2001) atribui ao ato educativo a politicidade como indicotomizável a compreensão da historicidade educacional, e é por isso mesmo que compreender este olhar, torna-se um problema social da sociedade neoliberal. A educação serve a alguns interesses que vem a traduzir a realidade da sociedade, porque os interesses políticos, econômicos e sociais estão à mercê das classes populares, onde a educação popular escolheu seu norte, porque nesta escolha há dois caminhos, a saber: educação dominadora ou libertadora, ou seja, educação para a reprodução ou para transformação.
Assim, na capital gaúcha, educadoras/es que trabalham nas instituições comunitárias e que se preocupam com a sua função social na educação pensando constantemente sobre as diferentes “educações” necessitou-se pensar e agir de forma participativa por indicadores que revelassem a historicidade da educação brasileira, onde a alternativa viável e necessária foi à construção de cursos de formação para educadores/as com ênfase na educação popular.
Os cursos educação popular tanto em nível médio como em nível superior é a favor da educação para construção, da educação pela pesquisa, para a fala, para a formação de educadores/as que defendem seus direitos. Ensinar a falar, pesquisar, lutar e construir é uma tarefa pedagógica não só dos partidos políticos, mas também da sociedade civil de um modo geral. Afinal, a educação política das educadoras/es resultou em conquistas participativas.
Neste conhecer e desconhecer, decorrente de reflexão, pesquisa, engajamento, esforços, anseios e dentre outros tantos sentimentos, é que falar, estudar, refletir e pesquisar sobre as ações de formação permanente das Educadoras/es Populares levam a fazer relações com o contexto neoliberal vigente e a realidade de luta e desenvolvimento participativo de consciência democrática das educadoras/es da AEPPA, que juntas/os buscam alternativas para reinvenção das suas onde “ lutar (...)é uma forma possível” (FREIRE, pág.19,2001) de conquistas.
Desta forma, é importante como o conjunto de ações se articula na construção de uma educação popular de qualidade a partir da formação acadêmica de educadoras e educadores populares de Porto Alegre? O que vai mudar na educação pública e que reconhecimento estas educadoras /es populares terão após suas formações? São estes alguns dos questionamentos, que propulsionam a escrita deste tema no presente artigo. São perguntas e problemas a serem desvelados a partir de um estudo sobre o que se tem e o que se pode ter, embasados na história da educação.
No entanto, estas contradições históricas serão objetos de análise deste trabalho, bem como as experiência de novos currículos de cursos para formação de professores/as educadores/as populares de Porto alegre como reconhecimento do saber de experiência de quem faz a educação comunitária, assim como o de combater a lógica da unilateralidade do conteúdismo conservador e inflexível de alguns cursos de formação de professores/as.
A educação popular para quem a faz tem como principio pedagógico - a liberdade consciente e a autonomia responsável que objetivam a formação humana. Nesse sentido, fica a relevância dos movimentos sociais na construção de práticas educativas libertadoras, onde estas ações dialógicas e participativas são diferentes de todas as práticas educativas bancárias e da sociedade capitalista, onde a educação para a opressão grita mais alta, porque este grito, não assusta, ele é silencioso e subordinador, mas presentes nas ações. Entretanto, ao contrário da dominação, está como contraponto, à formação permanente em / para educação popular que deverá possibilitar uma trajetória de educação de qualidade, problematizadora e humanizadora como diz Freire: 1985 pág. 78:
A educação libertadora, problematizadora, já não pode ser o ato de depositar e de narrar, ou de transmitir “conhecimentos” e valores aos educandos, meros pacientes à maneira da educação “bancária, mas um ato “cognoscente”“. (...) Educação problematizadora consiste de caráter autenticamente reflexivo, implica num constante ato de desvelamento da realidade.

Decorrente da desigualdade social e da pobreza nas comunidades que as educadoras/es populares desenvolvem suas ações docentes, neste momento não se trata de ser apenas necessário qualificar o atendimento pedagógico, mas urgente e de direito para todas as pessoas que vivem dessa realidade. Esse desafio deveria ser projeto político da cidade de Porto Alegre, porque é através da luta e de projetos de construção de políticas públicas que a educação comunitária de POA poderá se qualificar em curto prazo, fazendo com que este trabalho de inclusão não fique na história de Porto Alegre como projetos exercidos por educadoras/es que “brincam” de ser professoras/es, ou seja, uma semiprofissão. Contudo, é urgente que as educadoras/es possam transcender da realidade atual para uma realidade do “inédito viável”, em que reconhecendo de sua politicidade, lutar por condições melhores de trabalho seja sentimento coletivo de busca, aonde a coragem ao lado da formação venham ser ferramentas de novas conquistas. A formação e a luta por melhores salários, por exemplo, é mais um instrumento de luta contra a dominação, e a transformação do contexto atual, coloca as/os educadoras/es no dever de posicionarem a favor de condições dignas de trabalho.
Ademais, as organizações sociais, diante um quadro de necessidades especificas da sociedade e das escolas, promovem ações cidadãs, inclusivas e sociais como alternativas ás famílias que não possuem condições de suprir as necessidades de seus filhos e filhas no horário extra-escolar. São nestas atividades que as práticas de inclusão social, vão além das atividades pedagógicas, pois a função social destas instituições tem sido muito mais que suprir as deficiências do Estado para com esta parcela da sociedade. Portanto, diante desse quadro real e emergente, as educadoras/es populares desafiam-se na formação integral destes sujeitos/as, baseando-se em uma pedagogia social/popular desenvolvendo práticas pedagógicas e sociais de cunho libertador, pesquisador e que na prática elas/eles ( educadores /as) aprendem a teoria, mesmo sem muitas vezes conhecê-las.
No entanto, a cotidianidade destas práticas realizadas por mais de duas mil educadoras/es em Porto Alegre, é hoje fato histórico e que grita por melhores condições de trabalho, pois a formação docente e permanente é prioridade, além de que essa formação dever-se-á respeitar e valorizar as experiências profissionais destas educadoras/es, e que por isto mesmo, seja um currículo que norteie e viaje pela realidade contextualizada das comunidades que são atendidas por estas/es educadoras/es populares. Ter um currículo próprio e diversificado que transcenda os muros da escola, bem como das instituições comunitárias deveria ser direito público, porque ir além daquilo que se vê, exige trocas de saberes, diálogo, pesquisa, coragem, participação, ousadia e mudança. Toda essa mudança de atitude pode explicar a pedagogia libertadora, que emancipa as pessoas a partir da educação popular e de um trabalho educativo-social. São por isto que, as experiências da AEPPA são ferramentas de pesquisas, porque são inacabadas e flexíveis, pois para o grupo a pedagogia social é dialética.
Todavia, mudar exige posição e enfrentamento com a realidade educacional, que conforme Freire (1982, p.11) estudar, mudar e criar “implica não somente numa penetração crítica em seu conteúdo básico, mas também numa sensibilidade aguda, numa permanente inquietação intelectual, num estado de predisposição à busca” de reconstruir, mudar, intervir, viver, sentir, fazer e ser.
A esse respeito, um currículo dever-se-á ter como principio uma proposta inovadora, condizente a realidade atual e advinda da demanda social, que forme profissionais da Educação que tenha uma visão do todo e que compreenda a formação como processo inacabado, e por isto, permanente. Para iniciar esta reflexão em busca de um novo currículo nos cursos de formação acadêmica é preciso entender o que se entende por currículo, e é por isso que surgem os estudos de Tomaz Tadeu da Silva , porque em seus escritos ele conseguiu trabalhar aquilo que a educação popular necessita e entende que deve ser currículo.
Tomaz Tadeu trabalha o currículo como poder, ou seja, a “vontade de saber” não pode ser separada da “vontade de poder”. Assim o currículo, segundo Silva , deve estar voltado para o conhecimento transformador, que ele coloca em suas palavras como “Conhecer para governar”. Para a educação popular/social o currículo deve permear pelas diferenças culturais de etnia, raça, gênero e sexualidade, bem como pelas diferentes classes sociais e suas relações em busca da autonomia, podendo ser chamada de auto-gestão. Desta forma, o currículo pode ser entendido como “político cultural ” por ser histórico, visto que este processo deve partir da realidade sócio-histórica que resulta das forças políticas, pedagógicas e sociais da história do povo brasileiro. Trabalhar a partir dessa concepção de currículo é conceber o currículo como meio de emancipação e libertação, pois as experiências de vida são, sem dúvida, instrumentos de investigação.
Para Paulo Freire que critica o currículo existente através do conceito de “educação bancária”, ele é referência para quem atua como educador/a social/popular, porque entender currículo como processo que deve ir além daquilo que se recebe pronto, é ver e sentir a educação como dialética, e, por conseguinte, está em constante movimento e transformação. Nesse contexto, o currículo tradicional está afastado da situação existencial das educadoras/es populares que fazem parte do processo de conhecer, fazer, ser, construir, errar, acertar, desconstruir. Á medida, que se conhece mais sobre o que se faz se percebe que o currículo deve conceber a experiência de quem faz a educação, bem como da comunidade escolar. Este grupo de agentes sociais devem ser os estudos de construção de currículo. É com esta realidade que surgem nossas falas, nosso trabalho, nossos temas significativos ou geradores que deveriam ser entendidos como eixo temático da formação docente e permanente das educadoras/es populares.
Contudo, o meu objetivo é trazer como objeto de estudo e reflexão para o contexto acadêmico um espaço de diálogo e de busca permanente de construção de novos saberes e pesquisa, a partir desta realidade de quem faz a educação popular e está na busca da valorização e qualificação de suas práticas. As experiências são práticas sociais que devem ser contempladas na formação em Educação Popular, seja na Pedagogia ou em outras licenciaturas, para que se concretizem possíveis intervenções e transformações nas instituições comunitárias, bem como também na rede regular e pública de Ensino.
É, pois, através do estudo e pesquisa permeados pelo diálogo, que a consciência de que mudar é possível, que a AEPPA assume o papel de agente social. Esse compromisso está em movimento com compromisso político, ético, social, coletivo em um processo dialético de fazer, refazer, estar, criar, e viverem novas possibilidades de mudança através da demanda por formação docente. Esse assumir é um ato criativo, que segundo Freire (1986, pág.11) deve ser a pretensão de todo o sujeito que está vivo, tendo em vista, que ousar significa tomada de posição e de atitude que vai levar os/as agentes sociais em educação a pensar sobre currículo nos cursos de Pedagogia.
Logo, pensar sobre a importância do dialogo com a educação popular e pública como fatores importantes para um currículo inovador e indissociável da realidade local e global do contexto escolar significa pensar sobre formação docente de modo que deverá ser permanente e desafiadora, que reconheça a prática social e o/a educador/a popular como profissional, a fim de que este se assuma como pesquisador e como uma/um profissional da educação comprometido com uma educação de qualidade. À medida que se promova uma educação transformadora em uma perspectiva da construção de uma educação social/popular que emancipe, liberte, conscientize e respeite as pessoas nas suas diferenças com as condições igualitárias de vida digna, saudável e feliz, também se incorpora a palavra “ Mudança” como tarefa humana de transformação da realidade educacional para “ser mais”, que é segundo Freire. 1994 pág17 : “o desenvolvimento de uma consciência crítica que permite (...) transformar a realidade”, onde esta se faz urgente e necessária.
Nesta caminhada por formação, a AEPPA, supracitada, como experiência em currículo, luta, criação, participação e ousadia, pois ao falar do processo de formação, é palavra única das educadoras/es que dizem que “não é qualquer formação que desejamos”, isso significa que a palavra não pode ter um caráter monológico, porque a palavra é o desejo dialógico do “inédito viável” para o além do “componente estético da formação do/a educador/a” (Moacir Gadotti) popular. Neste contexto sociocultural, a palavra e o desejo são esperanças de quem busca por uma formação que respeite o trabalho da/o educador/a social/popular em todos os aspectos: social, político, cultural e pedagógico.
Desta forma, o/a educador/a popular/social deseja ser reconhecido como profissional sujeito/a de direitos, como por exemplo, a construção de um plano de carreira ou um documento nesta linha, de modo que regulamente esses/as profissionais reconhecendo-os enquanto educadores/as sociais/ populares. Uma vez que, para isto, esses referenciais devem ser contemplados lá na formação inicial e permanente, onde as construções destes processos estejam norteadas pelas relações sociais, que instrumentaliza a libertação e emancipação para o exercício da profissão de forma feliz, respeitosa, saudável e criativa onde o poder público também venha ter sua responsabilidade para com todas as/os educadoras/es sociais.
Assim, mais um desafio o Brasil tem pela frente, que é aprender com quem ensinou embora se saiba que por muitos anos não teve “aprendente” que os enxergasse. Digo que não houve “aprendente”, porque a educação popular tem um olhar da direita que coloca a margem todos/as os/as agentes envolvidos/as neste processo, onde a discriminação é real e clara, porque educador/a popular não é professor, assim dizem por aí. Poderia citar inúmeras situações que comprovam o preconceito existente para com a educação não formal, mas uma das situações é inevitável deixá-la de trazer neste artigo, que é a questão salarial, onde vai refletir nos direitos trabalhistas, na autonomia, na saúde do/a educador/a e naquilo que me propus escrever - Formação docente e valorização profissional.
3.3 Avaliação na Educação Popular

A escola não deve só tornar cada um mais qualificado, mas deve agir para que "cada `cidadão' possa se tornar `governante' e que a sociedade o coloque, ainda que `abstratamente', nas condições gerais de poder fazê-lo; a democracia política tende a fazer coincidir governantes e governados (no sentido de governo com o consentimento de governados), assegurando a cada governado a aprendizagem gratuita das capacidades e da preparação técnica geral necessárias a fim de governar .

Na formação dos/as educadores/as populares em Porto Alegre, e sua historicidade na educação popular o processo educativo tem sido desafios constantes. Os desafios estão presentes no cotidiano das educadoras/es, em que o processo de acompanhar está concomitante a avaliação permanente.
A avaliação do próprio processo educativo é contrária à concepção autoritária e “bancária” de educação, pois no cotidiano das educadores/as que se dizem progressistas, avaliar suas práticas é processo permanente.
Para Michaelis, acompanhar é “Seguir mesma direção”, é expressar a aproximidade e o acompanhamento com um olhar referenciado nas dimensões ética, estética e humana, e, portanto avaliar na formação das educadoras/es está diretamente relacionado ao ato de acompanhar.
Assim, a formação do profissional da educadora/or popular está diretamente relacionada com o enfoque da avaliação, onde a perspectiva está na formação permanente destes/as. Formação e avaliação permanentes devem ser concebidas como ato reflexivo de pesquisa e descoberta, onde a construção teórica não deve estar a favor de uma “mera aprendizagem de novas técnicas, atualização em novas receitas pedagógicas ou aprendizagem das últimas inovações tecnológicas” (Brandão).
A nova formação permanente, inicia-se pela reflexão crítica sobre a prática, e desta forma concebe-se a avaliação como diz Paulo Freire “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática” . Essa reflexão crítica não se limita ao seu cotidiano na sala de aula, pois, transcede as paredes da instituição cujo objetivo é o de conquistar emancipação das pessoas.
Nesse sentido, a Associação de Educadores Populares de Porto Alegre trabalha a importância da troca de experiências entre seus pares, através de relatos de experiências, oficinas, pesquisas, grupos de trabalho na luta em busca da formação permanente das educadoras/es populares
Ser agente protagonista é o desejo das dirigentes da AEPPA quando media o seu trabalho de resgate da autonomia dos seus educadores e educadoras da instituição. Segundo a legislação brasileira , a formação continuada do professor em serviço é um direito, portanto as educadoras/es que trabalham nas instituições comunitárias de Porto Alegre buscam avaliar permanentemente seus papéis na sociedade e os seus direitos como trabalhadores em educação. Contudo, para que esse direito seja exercido na prática, a luta da AEPPA se faz necessárias.
Busca-se uma pedagogia para a educação popular em que a avaliação seja permanente e não é apenas uma pedagogia de resistência sem protagonismo, mas, buscar uma avaliação deste trabalho, na luta por Pedagogia Popular, da esperança, do direito, da alegria e das possibilidades.
Desta forma a concepção de avaliação na formação docente se reflete na própria concepção de educação na medida em que revela a visão de mundo, educação, sociedade e de sujeito da educação que se pretende.
A avaliação na educação popular, Segundo Paulo Freire, é aquela que estimula a consciência crítica e o conhecimento libertador. A percepção de avaliação não pode negar a história das educadoras/es populares e nem mesmo ocultar seus anseios, dificuldades, baixos salários, sonhos e lutas, pois a realidade social e profissional destas trabalhadoras em educação desvela a realidade quando se avalia o resultado dos trabalhos ao longo dos anos.
Para Romão, p.101 a avaliação da aprendizagem é “um tipo de investigação e é, também, um processo de conscientização sobre a ‘primeira cultura’ do educando”, portanto o caráter processual , diagnóstico e questionados a respeito da avaliação é “um processo de mútua educação” ( Romão, p.101). Levando este olhar de Romão para a contextualização da educação popular dentro da AEPPA, avaliar é também diagnosticar a realidade das instituições comunitárias de Porto Alegre.
Freire falava da humanização nas relações que deveria fundamentar-se na “criatividade”, onde estimulasse a “reflexão e a ação verdadeiras” sobre a realidade. A isto chamo de avaliação na educação popular na realidade das educadoras/es populares.
A promoção da transformação criadora é sem dúvida, portanto a inquietação necessária pela busca de reconhecimento das educadoras/es populares, e nesse sentido avaliar permanentemente as práticas cotidianas se faz necessária e urgente, bem como sistematiza-la para que estes momentos possam servir de pesquisa, análise e acompanhamento.

4. O papel de transformação no processo de mudança Educacional e Social e as considerações finais


O homem não pode participar ativamente na história, na sociedade, na transformação da realidade se não ajudado a tomar consciência da realidade e da sua própria capacidade para transformá-la. (...) Ninguém luta contra forças que não entende cuja importância não meça cujas formas e contornos não discirna: (...) isto é verdade se se refere às forças da natureza. isto também é assim nas forças sociais (...). A realidade não pode ser modificada senão quando o homem descobre que é modificável e que ele o pode fazer .


O papel do/a trabalhador/a em educação social no processo de transformação é um ato de reflexão a cerca dos resultados significativos dos movimentos sociais. Neste contexto discute-se a relevância da Associação de Educadores Populares de Porto Alegre onde a sua estrutura física é precária, porem a estrutura social tem representado efetivamente à mudança dos paradigmas educacional, social, cultural e histórico. A saber, um educando/a que vivencia a mudança e transformação da prática pedagógica de sua educadora através da formação inicial e permanente percebe em si mesmo as possibilidades de transformação de sua própria vida, pois este educador/a é oriundo da comunidade local e ter educadores/as estudando é a primeira transformação não somente na estrutura educacional, mas social do país, dado que a educação popular tem como pressuposto “transformar o mundo, sendo o sujeito de sua ação ”, mas transformá-lo conscientemente, porque o/a trabalhador/a social humanista visa uma educação transformadora.
Contudo, lutar por condições justas, humanas, significativas, sociais e transformadoras por uma educação popular também nas Universidades que respeite e valorize os/as profissionais é lutar por formação pedagógica, humana e social. No livro pedagogia da Autonomia, pág. 16, Paulo Freire fala que “Ensinar exige estética e ética”, portanto, a docência, a formação permanente e o engajamento político fazem parte do compromisso social com a educação e com o povo. É fundamental, pensar e construir uma formação universitária que ande de mãos dadas com o contexto social e local em que os espaços educativos estão inseridos, e que permeie por uma formação docente permanente e crítica, em que a dialogicidade seja uma ferramenta de transformação social. Assim, a formação permanente, é momento, também, de reflexão crítica sobre a prática, porque dever-se-á ser democrática e superadora de toda prática de dominação. Nesta formação, vai ser fácil ter a coragem de mudar, enfrentar e revelar-se, porque segundo Freire no livro Pedagogia da Autonomia, pág. 20:

Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, e de outro sem o reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação. Conhecer não é, de fato, adivinhar, mas tem algo que ver, de vez enquanto, com adivinhar, com intuir. O importante, não resta dúvida, é não pararmos satisfeitos ao nível das intuições, mas submetê-las à análise metodicamente rigorosa de nossa curiosidade epistemológica.

A análise que Paulo Freire nos dizia, é aquilo que as educadoras e educadores populares de Porto Alegre tem procurado realizar a cada prática educativa e social, porque são compreendidas por elas e eles que educação e sociedade são temáticas que estão juntas, portanto não há como dissociar uma da outra. Desta forma, é impossível lutar sem amar, sem desejar e acreditar que mudar é possível, difícil, mas que exige compromisso ético, estético, social e político com o povo e para o povo. É nesse sentido, que para estas mulheres e homens que realizam a educação popular desejando uma educação universitária de mudança, ousada, democrática e feliz têm a esperança de que mudar exige participação, sonho e competência. Falando em “Esperança”, remeto para as finalizações deste artigo, o livro Pedagogia da Esperança, que sistematiza toda à caminhada que as educadoras e educadores de Porto Alegre acreditam e seguem a luta idealizada por Freire, pág.11:

E hoje, tanto quanto ontem, contudo possivelmente mais fundamentado hoje do que ontem, estou convencido da importância, da urgência da democratização Formação permanente, cientifica, a que não falte sobretudo o gosto das práticas democráticas, entre as quais de que resulte a ingerência crescente dos educandos e de suas famílias nos destinos da escola.

Logo, a formação inicial e permanente de quem está nas bases é fundamental para quem ousa construir uma educação libertadora a partir da formação em educação popular, onde o eixo norteador é sim uma educação progressista que é direito, onde a AEPPA se constituiu um movimento que luta em prol de uma sociedade mais justa e uma educação de qualidade.Entretanto, a luta das educadoras/es populares da capital gaúcha é a formação técnica universitária ao lado da formação política com “ as marcas do diálogo, da criticidade e da transformação social ”.
Desta forma, a Educação Popular poderá contribuir, segundo relatos das educadoras, nos cursos de formação docente de Pedagogia como disciplinas de abordagem de educação popular/social como parte integrante necessária para a formação do (a) futuro (a) pedagogo (a).
Os diferentes componentes curriculares, como se ouviu nos relatos das educadoras entrevistadas mostraram que a formação docente na área da Pedagogia deve ter um currículo inovador que contemple a realidade educacional porto-alegrense.
O resultado da qualidade das experiências das educadoras que estudaram no IPA, PUC e UERGS deve-se também aos seus respectivos cursos de graduação, ao lado de suas experiências na educação popular. As educadoras (duas) da ULBRA, disseram que seu curso “poderia ter contribuído mais com seus trabalhos se tivesse a educação popular em suas disciplinas”.
Nesse sentido, verificou-se que os cursos de Pedagogia que foram contemplados com componentes curriculares de abordagem da Educação Popular, foram significativos para a formação acadêmica das educadoras e educadores populares, assim como para o trabalho educativo nas organizações comunitárias de POA.
Assim, a história dos trabalhos nos diferentes espaços de atuação educacional destas educadoras populares, hoje pedagogas, pesquisadas foi objeto de estudo que contribuiu para este artigo. Os seus respectivos cursos de Pedagogia nas diferentes instituições, em que analisei reflexivamente os currículos a partir dos históricos escolares das educadoras bem como os relatos individuais, também foram importantes para que eu respondesse a pergunta inicial que me motivou o estudo: “Será que a educação superior está dando as ferramentas necessárias à formação do(a) pedagogo(a) popular para atuar nos processos educacionais e sociais em Porto Alegre?”
A essa pergunta ficou muitas outras perguntas, mas, sobretudo cheguei a conclusão de que na formação de educadores (as), sejam eles/elas populares ou não, se faz necessário a inclusão de disciplinas nos cursos de Pedagogia que abordem a educação popular/social em seus diferentes contextos, porque a falta destas acarreta no percurso profissional das futuras pedagogas(os) que trabalham ou pretendem trabalhar com a educação não-escolar nos princípios da educação popular.

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